Após um dezembro de pouca chuva na maior parte do Rio Grande do Sul, o risco de perdas mais significativas nas lavouras se dissipa no Norte, mas segue na Metade Sul. Em regiões como o Planalto Médio e o Noroeste, a volta da umidade nas últimas duas semanas faz com que as áreas de soja, principal cultura de verão, se desenvolvam de forma satisfatória. No milho, já há prejuízos considerados irreversíveis. Mesmo assim, há sensação de alívio.
– No norte do Estado, o esperado era chuva abaixo do normal, mas, no geral, está chegando à média, embora não haja distribuição uniforme. Na Metade Sul, a situação segue ruim, após novembro e dezembro com pouca chuva, associada ao calor – diz Flavio Varone, meteorologista da Secretaria da Agricultura.
Segundo Varone, modelos internacionais de previsão indicam para fevereiro, até agora, a continuidade de chuva um pouco mais expressiva no Norte, mas manutenção do quadro de falta de umidade no Sul. A meteorologista Jossana Cera, consultora do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), observa que, nas últimas duas semanas, houve mudança de padrão no tempo que levou a condições melhores do que o esperado inicialmente.
– A umidade que vem da Amazônia não está mais ficando retida no Sudeste e veio mais para o Sul – nota Jossana.
O problema, ressalta, é que a chuva foi mais generosa do meio para o norte do Rio Grande do Sul. A situação, ressalta, não tende a melhorar para o sul do Estado.
Veja a situação nas principais regiões do RS
Missões – Áreas compreendidas pelos municípios de Bossoroca, Santiago e São Luiz Gonzaga podem registrar perdas em lavouras de soja pela falta de chuva, principalmente em dezembro, avalia o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Luis Fernando Fucks.
Planalto Médio – Na soja, o estado das lavouras é “muito bom”, diz Claudio Dóro, agrônomo do escritório regional da Emater em Passo Fundo. Precipitações recentes recuperaram a cultura. No milho, a falta de chuva entre dezembro e os primeiros dias de janeiro deve reduzir em 25% a produtividade.
Fronteira Oeste – O problema na região se concentra nas áreas de arroz plantadas após 10 de novembro. O risco é faltar água nos reservatórios se a escassez de precipitações persistir. Lavouras já têm comprometimento na produtividade em torno de 20%, calcula o coordenador regional do Irga Ivo Mello.
Campanha – A chuva abaixo da média começou em novembro e o problema prossegue. Situação é mais crítica nas áreas próximas à fronteira com o Uruguai. Perdas são esperadas nas lavouras de sequeiro, diz o gerente-adjunto da Emater Rodolfo Perske.
Zona Sul – Região tem mais de 500 mil hectares de soja e já há estimativas de perdas. Evair Ehlert, responsável pelo sistema de produção vegetal do escritório regional da Emater de Pelotas, projeta produtividade média na região inferior a 40 sacas por hectare. O esperado era ao menos 50 sacas.