A conjunção das condições do solo, clima, relevo, ciência, tecnologia, políticas públicas e a competência dos agricultores tornou o Brasil um dos líderes mundiais na produção e exportação agrícola. O setor representa quase 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e 50% das exportações. De cada R$ 4 que circulam no país, R$ 1 é agrícola. E, de cada US$ 2 que alimentam nossa economia via exportação, US$ 1 tem origem em chácaras, sítios, fazendas e estâncias brasileiras.
Projeções recentes do Ministério da Agricultura indicam que a produção de grãos poderá passar dos atuais 232 milhões de toneladas para 300 milhões por safra na próxima década. A produtividade continua prevalecendo como o principal fator de crescimento, passando da média de 3,8 toneladas por hectare para 4,1 toneladas por hectare na safra 2026/2027. Os maiores ganhos devem ocorrer em arroz, milho e algodão. Nas carnes, indicadores apontam incremento de 7,5 milhões de toneladas, representando 28% a mais em relação a 2016/2017. As carnes de frango (33,4%) apresentam a maior elevação, seguida da suína (28,6%) e bovina (20,5%). Há também crescente demanda por frutas. Manga, uva, melão, mamão, banana e maçã ocupam cada vez mais posição de destaque no mercado nacional e internacional e grande perspectiva de crescimento nos próximos dez anos.
O cerrado das regiões Centro-Oeste e Nordeste continua com elevado potencial de expansão e como principal polo agrícola na produção de grãos. As regiões Sul e Sudeste se mantêm em destaque com produção diversificada que inclui soja, arroz, trigo, milho, feijão, laranja, café, banana, uva, maçã, batata-inglesa, tabaco, leite, carnes, cana-de-açúcar, celulose e papel. Alguns indicadores sociais e econômicos mostram ainda uma nítida tendência do crescimento da agricultura para o Norte do Brasil na próxima década.
As últimas safras recordes e as projeções de crescimento germinaram nas instituições de pesquisa e ensino e são plantadas no solo brasileiro na forma de inovações e tecnologias a cada ano-safra. Só nas duas últimas décadas, aumentamos a produção de grãos em aproximadamente 250% com apenas 50% na expansão da área plantada. Desse modo, produzimos mais alimentos, fibras e bioenergia com menos recursos naturais, fazendo do Brasil também uma potência ambiental com 60% de sua área ainda preservada, e menos de 30% do território do país destinado à agropecuária.
Por sua vez, o aumento da população mundial, níveis de urbanização, expectativa de vida e poder econômico irão elevar ainda mais o consumo de alimentos, fibras e energia nos próximos anos. As expectativas dos consumidores do mercado interno e externo, associadas à transformação digital e a questões ambientais, exigirão uma maior dinâmica e multifuncionalidade da agricultura brasileira. Instituições de pesquisa, ensino, assistência técnica e extensão rural deverão fortalecer a geração de conhecimentos, tecnologias e inovações a serviço da sociedade.
O poder da nossa agricultura já é econômico, social, cultural e ambiental. Precisamos torná-lo um fator ainda mais determinante para amplificar o desenvolvimento rural e urbano do Brasil.
Édson Bolfe é dourtor, pesquisador e coordenador do Sistema Agropensa Embrapa
edson.bolfe@embrapa.br
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