O alto custo da mão de obra qualificada para o cultivo de fumo motivou os integrantes da família Bernardy, de Arroio do Tigre, a apostarem na diversificação. Depois de uma vida inteira na atividade, há um ano, implantaram 130 pés de árvores frutíferas e estão produzindo hortaliças. Preocupado com a saúde e com o processo de sucessão, o patriarca Pedro Bernardy, 53 anos, está diminuindo, aos poucos, a área de tabaco. A mudança contou com o estímulo dos filhos e exigiu, além de investimento, planejamento.
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– Queremos que a propriedade seja autossustentável – comenta o produtor, destacando que a criação de suínos, frangos e coelhos contribui com adubo orgânico para fazer o ciclo completo nas hortaliças.
A transição está ocorrendo de forma gradual. No ano passado, os Bernardy plantaram 90 mil pés de fumo em seis hectares. Até então, a cultura era responsável por 90% da renda familiar. Em 2017, a produção foi reduzida para 60 mil pés em quatro hectares. Em área total de 15,5 hectares, a meta para os próximos dois anos é ampliar o cultivo coberto de hortaliças.
– Antigamente, trabalhávamos mais, mas a sobra era maior. Hoje (com o fumo) não ganho o que preciso para pagar os peões – comenta o produtor, reforçando a pouca rentabilidade do tabaco.
Apoio em casa
A diversificação foi incentivada pela esposa Cledes Bernardy e pelo filho mais novo Wellington, 22 anos, técnico em agricultura e estudante de Administração. Os dois trabalham na propriedade, enquanto o primogênito Cleiton, 29 anos, técnico em agropecuária, vive e trabalha na cidade, mas ajuda a família nos finais de semana.
O pomar ainda não está produzindo, mas as hortaliças já registram grande procura. Alface, tomate e beterraba são os itens mais vendidos. Os Bernardy entregam seus produtos em estabelecimentos comerciais da região e atendem a consumidores que vão até a propriedade escolher os alimentos.
Extensionista da Emater de Arroio do Tigre, o técnico agrícola Ismael Begrow comenta os ganhos obtidos pela família com a mudança do perfil da produção. Um dos benefícios é o menor contato com a nicotina, substância nociva presente no tabaco.
– Para a produção de hortaliças, a mão de obra é menos penosa e menos onerosa, além de a atividade ser mais rentável, já que o ciclo é mais curto – avalia Begrow.