Passado o susto inicial com a confirmação da presença da Helicoverpa armigera nas lavouras do Rio Grande do Sul, a situação é considerada sob controle. Até o momento, não há registros de surtos populacionais da praga nem de danos significativos. O monitoramento das lavouras, contudo, não deve ser interrompido, alerta o diretor de defesa vegetal da Secretaria da Agricultura, José Candido Motta. Com a maior parte das plantações gaúchas na fase reprodutiva, é hora de dedicar atenção especial.
- No estágio vegetativo, a soja consegue se recuperar rápido do desfolhe causado. Na floração, o dano pode ser irreversível - alerta o chefe do serviço de sanidade vegetal da superintendência do Ministério da Agricultura no Estado, Jairo Carbonari.
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As características específicas do Estado fizeram com que a lagarta tivesse aqui um comportamento diferente do verificado em outras regiões do país, onde causou prejuízos bilionários.O Rio Grande do Sul tem inverno definido, o que diminui, nesse período, o metabolismo da lagarta. Também não existe um modelo de sucessão de culturas, comum no centro-oeste brasileiro e favorável ao desenvolvimento da praga.
Reportagem acompanhou o trabalho de instalação de uma armadilha em lavoura de soja em Santa Vitória do Palmar
Foto: Guga VW
Ainda assim, é preciso seguir com o trabalho preventivo, já que a presença da Helicoverpa armigera foi verificada em todas as regiões do Estado.
Como não deixar a praga se alastrar
A prevenção começa com o simples monitoramento semanal das lavouras, de preferência acompanhado por agrônomo
1 - A lagarta não pode ser diferenciada de outras espécies do gênero a olho nu. A identificação ocorre quando ela cresce e torna-se mariposa. Nessa fase é feita análise da genitália do adulto macho, em laboratório.
2 - Existem armadilhas que podem ser instaladas na lavoura, de forma simples, para detectar a presença dos machos adultos da espécie. A montagem leva menos de cinco minutos. A armadilha é semelhante a uma pequena casinha de plástico suspensa a 1,5 metro do solo. O suporte deve ter angulação de 90º e pode ser de qualquer material, desde que firme. Dentro é colocado um piso de cola e um septo de borracha contendo feromônio - extraído das fêmeas de Helicoverpa armigera. Essa substância atrai exclusivamente e imediatamente os machos adultos da espécie, que ficam grudados ali. O ideal é que se faça a troca da superfície e do septo de borracha no máximo a cada 30 dias.
3 - De acordo com o Ministério da Agricultura, a captura das primeiras mariposas - especificamente três por armadilha - indica que elas estão colocando ovos na lavoura (oviposição) e há necessidade de liberar agentes de controle biológico.
4 - A armadilha custa em torno de R$ 250 (kit contendo 10 embalagens de plástico, 10 pisos de cola e 10 septos de borracha com feromônio).
5 - O inseticida só deve ser aplicado após a confirmação. Ao todo, 43 produtos, de origem biológica, fisiológica e química, têm autorização de uso pelo Ministério da Agricultura para combater a praga.