Fazer sexo todos os dias pode, ou não, trazer benefícios à vida do casal. Tudo depende da afinidade e, claro, da convergência de interesses dos dois sobre como e quando praticar o ato sexual.
As conclusões são da médica e sexóloga Jaqueline Brendler, de Porto Alegre, que responde as dúvidas mais comuns sobre a questão da frequência das relações sexuais a dois. Afinal, há medida para o desejo sexual?
Benefícios de fazer sexo todos os dias
Segundo a profissional, desde que ambos estejam confortáveis e sintam vontade, não há problema em fazer sexo todos os dias. Ela pontua que, nos casos em que manter esta frequência nas relações sexuais funciona bem para o casal, o resultado pode ser um relacionamento ainda mais fortalecido.
Isso porque o que sexo de qualidade, com desejo sexual e orgasmos, tende a trazer bem-estar, aumentar a autoestima e a alegria de viver das pessoas envolvidas. Além disso, o corpo humano, naturalmente, se prepara para o ato sexual quando há excitação.
No caso da mulher, a vagina torna-se mais lubrificada e um pouco mais profunda e flexível. Para se ter uma ideia, em repouso, ela tem cerca de sete ou oito centímetros de profundidade. Já quando está pronta para a relação sexual, essa dimensão chega a aumentar para cerca de 15 centímetros, em média.
— O fato de ser um sexo diário e saudável só revela que aquele é o ritmo satisfatório para determinado casal. Isso pode ajudar o relacionamento a ficar mais forte, porque satisfaz aos dois. Assim como para um outro casal pode ser que o adequado seja manter relações sexuais duas vezes por semana. O importante é ter autoconhecimento, amadurecer como casal e descobrir o que é bom para ambos — observa a sexóloga.
Para mulheres que sentem vontade de transar todos os dias, mas porventura se questionam se isso é “correto”, Jaqueline argumenta que não há nada de errado em sentir desejo sexual. Ela acrescenta que é necessário se libertar de construções sociais que aprisionam:
— Muitas vezes, as dúvidas são resquícios de uma educação repressora, dado que historicamente o desejo sexual sempre pertenceu ao mundo masculino. Culturalmente, os homens são educados para demonstrar o seu desejo sexual, e isso sempre foi símbolo de virilidade. Por outro lado, uma mulher fogosa, que tenha alta libido, sempre teve a sua conduta colocada em dúvida. Nos últimos 20 anos, no entanto, as mulheres estão se dando conta de que elas também são seres sexuados e que têm todo o direito de demonstrar seu desejo sexual e de tomar iniciativa — pondera a especialista.
Nem todas querem sexo todos os dias
A sexóloga Jaqueline Brendler ressalta que fazer sexo todos os dias apenas será ruim em situações em que uma das partes impõe esse ritmo e a outra não se sente bem com ele. Ou então quando um se força a ter relações sexuais para agradar o outro.
— O problema se a mulher está fazendo sexo quando não está tão a fim é que ela talvez não consiga ficar excitada. E se a vagina estiver em repouso, não aumentará proporcionalmente ao pênis e, dessa forma, poderá sentir dor na relação sexual. Sem falar que as chances são grandes, também, de que ela não tenha orgasmo. Quando é imposta uma resposta sexual ao corpo, é muito possível que a cabeça e o genital não respondam — explica.
Alguns sinais de que a mulher pode estar “forçando a própria barra”, de acordo com Jaqueline, é quando sente desconforto na relação. Podem se manifestar males como cistite, candidíase e ardência no dia seguinte.
Estes são indicativos de que provavelmente está na hora de desacelerar o ritmo. Também é importante observar se a fricção não está causando lesões:
— Desconfortos, dores e problemas são o preço que a mulher possivelmente pagará se insistir transar sem estar a fim. Por outro lado, pessoas saudáveis que se excitam, se lubrificam, fazem boas preliminares e um bom jogo erótico têm mais chance de não se machucar na relação sexual. Mas é claro que, se existir um excesso de fricção, de toque no genital, seja ele numa única relação sexual ou em várias ações sexuais no mesmo dia, mesmo mulheres saudáveis podem se machucar, é uma possibilidade que existe.
Cuidados básicos nas relações sexuais
Em termos de saúde íntima, os cuidados devem ser os mesmos, não importa a frequência sexual. É importante manter o pH da vagina ácido, higienizando sem exageros, e também trocar de camisinha com frequência, tomando cuidado especial para não misturar as bactérias da região anal com as da região vaginal.
Em relação a infecções urinárias, se a mulher estiver saudável e lubrificada, não tendem a aumentar as chances de desenvolvê-las ao praticar sexo todos os dias.