A advogada Tainá Laydner Fiore, 26 anos, é a representante do Estado na final do Miss Brasil Mundo 2022, que ocorre nesta quinta-feira (4), em Águas Claras, Brasília (DF). O evento reúne 36 candidatas e será transmitido ao vivo no canal Miss World, no YouTube, a partir das 18h. A vencedora desta noite receberá a coroa pelas mãos da atual Miss Brasil Mundo, Caroline Teixeira, do Distrito Federal, e representará o país na 71ª edição do Miss Mundo – ainda sem data definida.
O título de Miss Mundo Rio Grande do Sul 2022 é o quinto conquistado por Tainá em sua trajetória, que inclui as faixas de Miss Brasil Eco 2018 e Miss América Latina Eco 2019, realizado no Egito. Natural de Passo Fundo e hoje moradora de Porto Alegre, a jovem idealizava o glamour dos concursos desde a infância.
— Eu tinha 10 anos quando sonhei pela primeira vez em ser miss. Estava com o pé quebrado assistindo a um dos concursos. Nesse dia, eu quis muito ser uma daquelas misses maravilhosas, com vestidos brilhosos, mas via isso como um sonho impossível. Minha vida, por muito tempo, foi sobre eu querer ser outra pessoa. Somos como uma folha de papel em branco: cada amassado e risco são parte da nossa história. Hoje, já não tenho mais vergonha de nenhuma parte dela. Cada um dos mínimos momentos da minha vida me prepararam para estar aqui hoje — reflete ela.
A preparação inclui os diferenciais de ter o inglês como segunda língua e ser estudante de italiano, bem como vivências no mundo da moda, no qual mantém uma carreira paralela. A seguir, confira a íntegra da entrevista com Tainá.
Você já participou de outros concursos de beleza. Na sua opinião, qual a importância e responsabilidade das misses na atualidade?
Muita gente me pergunta para que serve ser miss... Para ser a mulher mais bonita? Comecei a usar o Instagram em 2012 e, certo dia, postei uma foto que recebeu 32 likes. Naquela época, era algo absurdo, tenho o print da tela guardado até hoje. Naquele dia, eu me senti a mulher mais bonita do Brasil. Em um mundo onde o conceito de beleza passou a ser efêmero e raso, qualquer pessoa se sente a mais bonita, ou a melhor do mundo, quando viraliza. Não é necessário um concurso de beleza para se sentir assim. Então, para que serve ser miss? Para construir. Somos engenheiros e arquitetas e trabalhamos em ajudar a moldar o pensamento da sociedade que a gente representa, principalmente, na fundação dessa estrutura já que o nosso ativismo social cria raízes permanentes e profundas. Ser miss é estar em um lugar de destaque e ocupar uma posição que não é de uso próprio.
Uma das etapas da final do Miss Brasil Mundo é o desfile com trajes típicos. O que se pode adiantar sobre o seu?
Eu tenho uma irmã gêmea, mas somos completamente diferentes. Apesar disso, somos unidas pela nossa base e nossas raizes. Nós, gaúchos, somos assim. Apesar das divergências, somos unidos pela nossa tradição e por nos orgulharmos da nossa cultura. Na Serra Gaúcha, ocorre 90% da produção nacional de vinhos, através das 750 vinícolas que fazem tudo isso ser possível. Então, meu traje, em um só, é geografia, história, turismo, química, biologia e arquitetura. Representa nossa cultura desde a época dos Farrapos, passando pela colonização italiana, dando o devido reconhecimento aos R$ 3 bilhões anuais gerados para a economia do Estado através das parreiras de uva.
Qual o papel dos projetos sociais no contexto das candidatas?
Quando eu era criança, de férias na casa da minha vó, todos os dias depois do almoço, eu assistia Super Choque. Era um desenho sobre um menino normal que ganhou superpoderes e quando um vilão aparecia, ele se transformava em super-herói. Acho que todos nós já quisemos ter superpoderes um dia para salvar o mundo. Quando as pessoas pensam em concurso de beleza, focam apenas no conceito da beleza física. No Miss Mundo, se busca uma beleza integral através do projeto social Beleza Pelo Bem, em que defende-se que não é necessário esperar um momento específico para melhorar o mundo. E que para melhorar o mundo, você não precisa ser super-herói, basta ser verdadeiramente humano e é por isso que todas as candidatas têm ou apoiam um projeto social.
Como será a sua quinta-feira, dia da grande final?
Falamos sobre como será o dia e pensamos em cronograma e planejamento. Apesar de a manhã envolver uma das últimas provas decisivas para o concurso, a defesa do Beleza pelo Bem, e de a tarde ser dedicada à produção das misses para a final, meu dia será de reconhecimento. Representar um estado inteiro e a você mesma em um mundo onde há mais críticas do que elogios é motivo de orgulho e, por isso, o dia será dedicado, principalmente, para que eu lembre da minha trajetória, do porquê estou aqui e do que construí e ainda posso construir para conseguir transmitir toda essa energia na grande final.
Quais são suas expectativas para as próximas etapas do concurso?
Não somos nós que nos preparamos para algo. A vida e a forma como lidamos com o que nos acontece é o que nos prepara. Minhas expectativas são as melhores. Sei que fiz o melhor que podia como Miss Mundo Rio Grande do Sul 2022. Estou orgulhosa. Não mudaria nada na minha trajetória. E não tenho dúvidas de que fui capaz de transmitir isso aos jurados ao longo do confinamento e das provas. Esta será mais uma e a última oportunidade de relembrá-los, durante o desfile de gala e a resposta final, do que já venho mostrando ao longo do meu reinado.