Por trás de uma grande mulher existem outras grandes mulheres. Pensando nisso, convidamos quatro personalidades que são referência em suas áreas para indicar uma mulher que foi fundamental para elas se tornarem quem são.
A economista Patrícia Palermo, a primeira Miss Brasil negra e empresária Deise Nunes, a secretária de Saúde do Estado, Arita Bergmann, e a premiada cientista Marcia Barbosa contam suas histórias e apontam quem serviu de inspiração, apoio e ombro amigo – para além de suas próprias mães, indicação que costuma surgir de pronto na cabeça de qualquer uma de nós.
Às vésperas do Dia da Mulher, no próximo dia 8 de março, dividimos um convite para todas reconhecerem a rede feminina que fez diferença nas nossas vidas até aqui – e também para refletirmos como ainda podemos inspirar, na prática, a vida de tantas outras por aí. Abaixo, leia a história de Arita Bergmann e Maria Beatriz Reissig, a Nenéia.
"Se eu precisava, a Nenéia estava lá"
O semblante de Arita Bergmann costuma ser de preocupação nas entrevistas que tem concedido nos últimos meses. E não é por menos: a secretária de Saúde do Estado é um dos principais nomes à frente do combate à covid-19 no Rio Grande do Sul. Mas a gestora pública de 73 anos sabe de onde tirar forças quando precisa enfrentar um cenário caótico: junto da família e também das longas amizades que mantém. Como a parceria de mais de 60 anos com Maria Beatriz Reissig, a Nenéia, que começou ainda na escola.
Arita revela que até agora não precisou do colo da amiga durante a pandemia — um possível ombro virtual, claro — , mas que em outros momentos desafiadores da vida pública ela já serviu como porto seguro.
— Eu era secretária da Saúde em Pelotas e passamos por momentos difíceis junto à Câmara de Vereadores. A Nenéia sempre ficava indignada com as críticas e me chamava para almoçar para eu não ficar chateada. Ela sempre me apoiou, pois, muitas vezes, atacam a nossa moral e ética — lembra ela.
Se a gente se encontrasse hoje, seria como se não tivéssemos ficado um dia sem nos ver.
ARITA BERGMANN
As amigas foram colegas quando crianças, em São Lourenço do Sul, fizeram magistério juntas e, depois, a faculdade de Serviço Social. A escolha pelo curso, diz Arita, tem tudo a ver com Nenéia: foi a amiga que a apresentou ao voluntariado. Conforme os anos iam passando, a relação das duas se estreitava ainda mais. Nenéia virou madrinha de casamento de Arita. Depois, dinda de uma de suas filhas. Aliás, quando o assunto é o nascimento das gêmeas Sabrina e Carolina, hoje com 44 anos, ela não contém a emoção. As irmãs vieram ao mundo prematuramente, e quem se tornou braço direito nesse período de fragilidade foi justamente Nenéia.
— Quem ia todos os dias na minha casa para me ajudar a embalar as minhas filhas era ela. Se eu precisava de algo, ela estava ali. A Nenéia dizia: "Descansa". Isso me emociona até hoje — diz a secretária de Saúde.
A distância não é capaz de abalar o laço entre as duas. Hoje, Nenéia mora em Pelotas. Arita se divide entre Porto Alegre e São Lourenço do Sul. A pandemia adiou planos de reencontro, sabe-se lá até quando, mas Arita aponta uma certeza nesse momento de instabilidade:
— Se a gente se encontrasse hoje, seria como se não tivéssemos ficado um dia sem nos ver. Com ela, não tem tristeza, é só alegria — garante. — Nenéia simboliza a inspiração e o carinho de tantas outras amigas que são referências para o que sou hoje.