Como tudo que aparece nas redes sociais, também está dando o que falar e causando excessiva preocupação o "verme de cachorro", um parasito, cuja presença chamou atenção dos médicos veterinários que estão atendendo os cachorros vítimas da enchente no Rio Grande do Sul.
O Dioctophyma renale é um parasito que acomete cães e existe há muito tempo. Geralmente, é encontrado acidentalmente durante a necropsia de um cachorro, mas não é necessariamente o responsável pela morte do animal.
Além disso, o verme costuma parasitar apenas um dos rins, normalmente o direito. O outro fica intacto, o que deixa imperceptível o comprometimento de um dos órgãos. Para um quadro de insuficiência renal se manifestar, é necessário que 75% da função esteja comprometida.
Cristine Dossin Bastos Fischer, professora da disciplina de Parasitologia Veterinária do curso de Medicina Veterinária da ULBRA, tranquiliza os adotantes.
— O Dioctophyma não passa de um cachorro para o outro, nem do cachorro para a pessoa. Não estamos diante de um parasito vetor de zoonoses — explica.
Ela detalha ainda que, uma vez no corpo do cão, os ovos do parasito são eliminados na urina, e, para haver desenvolvimento, é necessário esse ovo ser ingerido por um anelídeo aquático - uma espécie de minhoca - encontrado em rios de água doce. O anelídeo, da espécie Lumbrículus variegatus, é parasito das brânquias de crustáceos e peixes.
— Peixes de água doce e rãs podem agir como hospedeiros de transporte. O ciclo se completa quando o cão ingere este anelídeo, o que explica a ingestão de carne crua de peixe ser a fonte de infecção mais comum — detalha Cristiane.
O que fazer quando o Dioctophyma é detectado no cachorro?
Quando diagnosticado, indica-se a extração do rim afetado, pois, com o passar dos anos, ele perderá sua função.
Tem como acabar com esse parasito?
De acordo com Dra. Cristine, não existe um anti-helmíntico eficaz para combater o Dioctphyma renale. O melhor a fazer é trabalhar com a prevenção.
Os outros animais da casa podem pegar esse parasito?
O ciclo só se completa após a ingestão do anelídeo em peixes e rãs infectados, e esse consumo só ocorre em cães que vivem em comunidades ribeirinhas. Cães de áreas urbanas, que se alimentam com ração, não têm como se infectar com esse parasito, mesmo havendo um portador em casa.
Mas, se o tutor do lar temporário quiser dar uma atenção maior à saúde do animal, o melhor a fazer é administrar vermífugo de amplo espectro, um produto a base de pirantel e praziquantel, em dose única, repetindo depois de 15 dias.
— Por hora, esta se mostra uma boa estratégia para eliminar possíveis vermes intestinais dos resgatados — destaca a veterinária.
Caso o lar temporário se torne adoção permanente, recomenda-se seguir com atendimento veterinário para verificar o manejo adequado e o controle de verminoses que estejam de acordo com o estilo de vida que o animal terá.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação.