Desiree do Valle, 25 anos, estuda Design de Moda na Unisinos e é dona de um projeto inovador no Estado: a Black Barbie Agency, uma agência de moda focada no protagonismo negro. Cansada de não se enxergar nos editoriais e campanhas da indústria de moda por ser uma mulher negra, Desiree decidiu que sempre incluiria a temática de representatividade e diversidade nos seus trabalhos.
Depois de sair de um emprego que não estimulava sua criatividade, a estudante, juntamente com um amigo, o fotógrafo Rafael Bittencourt , começou a produzir editoriais de moda e divulgá-los nas redes sociais. Um, em especial, chamava-se Black Barbie: inspirado na famosa boneca, tinha todos os elementos de figurino e cenário em rosa e estrelava meninas negras da periferia. Ele obteve uma ótima repercussão nas mídias digitais, e foi aí que os sócios perceberam que podiam ir além.
– A ideia da agência nasceu muito de algo interno meu, das memórias afetivas da minha infância. Eu sempre gostei de Barbie, eu tive muitas quando era criança, tinha coleção. Mas só tive uma Barbie negra - e ela tinha o cabelo liso e franja. Fazer esse editorial com meninas negras, de cabelo crespo, cada uma com seu estilo e identidade, foi um divisor de águas na minha vida profissional – conta ela.
Diferente de outras agências, nas quais a representatividade aparece somente nos modelos, a Black Barbie aposta em um trabalho criativo produzido apenas por pessoas negras. Funciona assim: a equipe é composta por modelos, maquiadores, fotógrafo, produtora e assistente. Eles vendem esse combo de produção de moda para marcas que se identifiquem com o trabalho da agência - e com tudo o que ela acredita.
– Arte, moda e cultura sempre são atreladas ao centro, e a gente quer mostrar que existe periferia em Porto Alegre e que essas pessoas têm trabalhos bons para contribuir para a cena da moda da cidade. Nossa proposta de trabalho é produzir editoriais de moda e conteúdo, mas também fugir um pouco dessa questão de moda ser só roupa. Queremos ampliar o olhar de moda, ampliar o olhar sobre diversidade também, porque a diversidade que normalmente vendem já está padronizada – explica.