* Liana Pithan, Especial
Na contramão do relógio biológico, muitas mulheres optam por ter filhos mais tarde. Há duas décadas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra o aumento acentuado e progressivo de mães maduras que dão à luz. Contudo, não dá para negar que pontos como a fertilidade precisam ser considerados.
Também é preciso estar ciente de que, após 35 anos, aumentam os riscos de saúde, para mãe e bebê. Mas há pontos positivos, como ressalta a ginecologista e obstetra Fernanda Escopelli, como o fato de a mulher se encontrar em um melhor momento econômico e afetivo.
Veja outras questões a serem considerados para quem está nesta faixa etária e deseja ter filhos.
Tecnologia não resolve tudo
Os avanços da medicina reprodutiva ampliam as possibilidades de gestação, mas não se deve cair no falso credo de que a tecnologia resolve tudo, alerta Leticia Viçosa Pires, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e doutora em Ginecologia e Obstetrícia. Os recursos existem, mas as consequências da idade avançada são relevantes.
Atenção ao relógio
As estatísticas oficiais comprovam o crescimento da maternidade tardia, mas há outro número que os dados do IBGE não mostram, explica Helena Von Eye Corleta, professora de Ginecologia e Obstetrícia da UFRGS e diretora da clínica Generar Reprodução Humana: o de mulheres que não conseguem engravidar simplesmente porque postergaram demais.
Considere os riscos
Os óvulos envelhecidos têm mais dificuldade de serem fertilizados. E, quando há fertilização, aumentam as chances de alguma anomalia cromossômica, como síndrome de Down, conforme explica a obstetra e ginecologista Rafaella Petracco, professora de Medicina da PUCRS. O congelamento de óvulos permite preservar a fertilidade e é recomendável para pacientes que ainda estão na faixa dos 30 anos.
As obstetras também alertam que, nas gestações tardias, os riscos de pré-eclâmpsia, diabetes e hipertensão gestacional são mais frequentes. Leticia Viçosa acrescenta que as pesquisas apontam maiores índices de parto prematuro, bolsa rota, gravidez nas trompas, crescimento do feto abaixo do esperado e sangramento pós-parto, entre outras intercorrências.
Ser madura, porém, não é sinônimo de complicações de saúde. De acordo com Leticia, uma paciente de 40 anos que não fume, não beba, se exercite, não tenha hipertensão nem diabetes terá uma gravidez mais tranquila do que uma jovem hipertensa, obesa e fumante.