Desde que o Rio Grande do Sul passou a sofrer com as consequências das enchentes que atingiram o Estado no início do mês, Luisa Mell tem se dedicado a auxiliar no resgate de animais. Após quebrar duas costelas nos esforços, a ativista paulistana precisou deixar a região na última semana. No entanto, ela segue coordenando de longe a equipe do Instituto Luisa Mell, que ajuda em pontos críticos da catástrofe.
Em entrevista à revista Quem, publicada no domingo (19), Luisa comentou os problemas e a logística dos resgates. Além disso, ela revelou o destino de 50 animais resgatados no município de Canoas.
— Eles vieram para São Paulo em carros de pet shop, usados para transporte de animais, e ficarão em um abrigo que era usado pelo Instituto Luisa Mell, mas que estava desativado desde a minha saída — iniciou. — Primeiro, a gente vai cuidar deles, vacinar, vermifugar e castrar. Então, faremos o evento de adoção. O que já faremos agora é o Dia do Voluntário do Amor, porque eles precisam de muito carinho, então, abriremos para as pessoas se inscreverem e irem lá ajudar.
Segundo Luisa, muitos dos animais não têm dono, pois foram resgatados de uma ONG que acabou invadida pela água. Caso algum tutor reconheça o seu animal, basta entrar em contato com o instituto que ele será devolvido.
Quanto à fratura que sofreu enquanto realizava os resgates, a ativista lamentou:
— Nunca esperei por esse momento lesionada! Estou com os movimentos restritos, não posso pegar um cachorro grande se pular em mim, mas posso quando ele já estiver calmo, os menores eu consigo ter algum contato.
Luisa ainda avaliou a condução dos trabalhos no Estado.
— Consigo organizar, que é uma das coisas mais importantes também, organizar todo o abrigo, por exemplo. É isso que está dando essa confusão lá no Sul: os abrigos estão super mal administrados, o pessoal tem pouca experiência — comentou. — O que é mais importante neste momento é a gente cuidar desses animais da melhor maneira possível.
Transporte
A ativista relatou que os animais viajaram de carro até a capital paulista em caixas de transporte. Ela disse que os pets chegaram em boas condições e menos estressados do que ela imaginava.
— Fizeram uma parceria comigo e nos ajudaram a trazer esses animais com conforto — explicou. — Chegaram super bem aqui, fiquei surpresa, estava esperando que fossem chegar mais cansados, estressados, sujos.
Em seguida, Luisa contou que será criado um site para facilitar o processo de adoção dos bichinhos.
— As pessoas poderão se cadastrar lá para adotar, como também para vir dar amor — afirmou. — Os animais sofreram muito. Ainda terá um tempinho até eu poder doar. Então, as pessoas que puderem vir dar amor e dar uma voltinha com eles, serão bem-vindas.
Novo instituto
A ativista destacou que a mobilização para ajudar o RS serviu como um impulso para consolidar o mais recente projeto. Ela deixou a ONG anterior, que levava o nome dela, há pouco mais de um ano e a iniciativa passou a se chamar Instituto Caramelo. Agora, ela recriou o Instituto Luisa Mell.
— Já estava me preparando para voltar. Nunca parei de resgatar. Mesmo sem o instituto — ressaltou. — Resgatei e encontrei lar para cerca de 25 animais. Estava me preparando para dar um passo maior. Demorei um pouco até fazer o estatuto direito e não correr mais riscos, encontrar um grupo bacana.
— Mas aconteceu essa tragédia no Sul. Eu já fui para lá ajudar, comecei a falar em nome do instituto quando vi o tamanho da coisa — comentou. — Nessa semana, todo mundo me ligou de lá desesperado, mostrando a situação dos abrigos, com 3 mil animais.
Ela ressaltou que, por mais que as pessoas partam de um local de solidariedade, muitos desses abrigos não têm a estrutura necessária para acolher esse número de animais.
— Meus voluntários e a minha equipe me ligavam dia e noite chorando, falando que tínhamos de fazer alguma coisa, que não dava mais para esperar. Resolvi antecipar tudo, dar esse passo gigante, acreditando que vou conseguir — relatou. — A diferença deste para o outro instituto é que, na verdade, estou agora mais livre. Tenho ideais mais parecidos. Na diretoria, têm mais pessoas veganas, que eu acredito mais. E pessoas que gostam mais de mim. A equipe que faz resgate comigo é maravilhosa.