O ano de 2023 ficará marcado na história como o primeiro sem a rainha Elizabeth II e com seu filho mais velho, Charles, oficialmente coroado rei e comandando a monarquia. Também foi um período em que a família real enfrentou algumas polêmicas, como as notificações de despejo enviadas pelo rei ao filho e ao irmão.
Também foram registradas brigas judiciais e revelações de bastidores, trazidas pelo livro de memórias do príncipe Harry.
O que aconteceu com a família real em 2023
Coroação de Charles III
A ausência da possível figura mais emblemática da monarquia, a rainha Elizabeth II, marca o ano de 2023. A monarca morreu aos 96 anos, em 8 de setembro de 2022, após sete décadas de reinado. Ela estava no castelo de Balmoral, na Escócia, e conforme a certidão de óbito, a causa de sua morte foi "velhice".
O sucessor da rainha, Charles, tornou-se rei logo após a partida da mãe, mas a cerimônia de coroação ocorreu somente em 6 de maio de 2023, quase oito meses depois.
Em uma solenidade que contou com a presença de mais de 2 mil convidados, o rei Charles III e a rainha consorte Camilla foram coroados na Abadia de Westminster, em Londres, dando início a um novo ciclo no Reino Unido.
Chiquinho ia, mas não foi
Houve a especulação sobre a presença de um brasileiro na festa britânica. O empresário de 72 anos Chiquinho Scarpa, conhecido como Conde Chiquinho por um título concedido ao seu avô pela Igreja Católica, afirmou ter sido convidado para a cerimônia de coroação de rei Charles III. E ele confirmou presença, conforme disse em entrevista concedida à Quem, em abril:
— Já confirmei presença. Tenho que ir… Desde criança, tenho muita proximidade com o Charles. Tenho até dificuldade de falar "rei Charles". Para mim, ele é apenas Charles. Minha mãe é de família escocesa e tinha muita proximidade com a rainha Elizabeth — comentou ele.
A saúde debilitada, no entanto, teria impedido o playboy de embarcar para Londres. Poucos dias antes da viagem, foi diagnosticado uma faringite e orientado a ficar de repouso no Brasil.
O livro de Harry
O primeiro mês do ano já foi conturbadíssimo para a família real, com a publicação, no dia 10, do livro de memórias de príncipe Harry O Que Sobra (Spare, no título original). Em mais de 500 páginas, ele retrata bastidores e revelações, como por exemplo ser tratado desde sempre como alguém "menos relevante" por estar mais distante da coroa do que seu irmão William, primeiro na linha de sucessão. O próprio título do livro revela isso: Harry relata que, no dia de seu nascimento, seu pai, hoje rei Charles, teria dito à princesa Diana "Maravilhoso! Agora você me deu um herdeiro e um que sobra, meu trabalho está feito".
O livro traz ainda que Harry e William pediram ao pai que não se casasse com Camilla Parker Bowles — hoje rainha consorte —, mas que, quando o pai não cedeu, reconheceram que o monarca merecia estar com a mulher que sempre amou.
Harry também alega ter sido agredido pelo irmão durante uma briga por causa de Meghan Markle. Em 2019, William teria chamado a esposa de Harry de "difícil" e "rude", discussão que se agravou e culminou com o mais velho agarrando o irmão pelo colarinho e o jogando no chão.
Algumas páginas também foram dedicadas a relembrar sua carreira no exército britânico. Em alguns dos trechos mais polêmicos do livro, afirma que matou 25 combatentes do Talibã e que desumanizou essas mortes, dizendo: "Eram peças de xadrez retiradas do tabuleiro. Pessoas más eliminadas antes que pudessem matar pessoas boas".
"Forçados" a deixar a monarquia
No dia 7 de dezembro, príncipe Harry afirmou que ele e a esposa, Meghan Markle, foram "forçados" a deixar seus papéis na monarquia britânica e a se mudar para os Estados Unidos em 2020. A declaração foi feita por meio de sua advogada, em uma das audiências da batalha judicial na qual Harry contesta a perda de proteção policial desde que decidiu deixar a família real.
A nota assinada pelo príncipe diz: "Foi com grande tristeza para nós dois que minha esposa e eu nos sentimos forçados a abandonar esse papel e deixar o país em 2020. O Reino Unido é minha casa. O Reino Unido é fundamental para a herança dos meus filhos e um lugar onde quero que se sintam em casa, tanto quanto onde vivem neste momento, nos Estados Unidos".
"Isso não pode acontecer se não for possível mantê-los seguros quando estiverem em solo britânico. Não posso colocar minha esposa em perigo dessa maneira e, dadas as minhas experiências de vida, estou relutante em me colocar desnecessariamente em perigo também", conclui.
O recurso de Harry contesta uma decisão de fevereiro de 2020, a qual estabelece que a proteção policial ao casal e seus filhos no Reino Unido será concedida caso a caso.
Os dedos reais
As redes sociais não perdoam, motivo pelo qual nem mesmo as mãos dos monarcas passaram ilesas nesse ano.
No caso do rei Charles III, o público reparou que, na maioria das fotos, ele aparece com dedos inchados e vermelhos. Especialistas acreditam que o edema e a vermelhidão podem ter causas genéticas, renais ou, até mesmo, reumatológicas.
Acredita-se que o rei, que hoje tem 75 anos, sempre tenha sofrido com a condição, chamada popularmente de "dedos de salsicha", como o próprio monarca brincou em um discurso na Austrália, em 2012. Na biografia escrita por Howard Hodgson, Charles, The Man Who Will Be King (2018), há um trecho em que Charles fala sobre o filho, o príncipe William: "Ele tem dedos de salsicha que nem eu".
Os dedos de um jovem príncipe também renderam assunto na internet. No dia 10 de dezembro, William e a esposa, Kate Middleton, divulgaram a tradicional foto que ilustra o cartão de Natal da família. Na imagem em preto e branco, o casal está acompanhado de seus três filhos, George, Charlotte e Louis.
A publicação recebeu elogio por ter ares mais "casuais" do que o habitual da família real, já que o quinteto veste calças escuras e camisetas brancas. Mas um detalhe peculiar gerou comoção entre os internautas mais atentos: falta um dedo na mão esquerda do caçula, Louis, de cinco anos.
A situação foi logo apontada pelos internautas como um erro de edição de imagem. Outros, no entanto, indicaram o dedo do príncipe pode estar apenas escondido, em razão da posição da mão, que está apoiada no braço de uma cadeira.
Convidados a se retirar
O ano ficou marcado por algumas ordens de despejo vindas do rei Charles III. A primeira foi em março, quando o monarca mandou que príncipe Harry e Meghan Markle "desocupassem" o Frogmore Cottage, local que havia sido concedido a eles como presente de casamento pela rainha Elizabeth II, em 2018. A moradia de cinco quartos fica em Londres, próximo ao Castelo de Windsor. Harry e Megan deixaram o Reino Unido em 2020, quando abdicaram das obrigações e do salário da monarquia, e desde então vivem na Califórnia, nos Estados Unidos, com seus dois filhos.
Outro familiar que recebeu uma ordem de despejo foi príncipe Andrew, duque de York. O rei solicitou que o irmão, segundo filho da rainha Elisabeth II, desocupasse a propriedade de Royal Lodge, em Windsor, onde mora desde 2003. Conforme os planos do rei, Andrew deveria se mudar para a propriedade que antes era ocupada por Harry e Meghan, o Frogmore Cottage.
Andrew está afastado da vida pública britânica desde 2019, quando foi processado por agressão sexual. Ele pagou um acordo extrajudicial para encerrar o caso e, posteriormente, foi destituído de seus títulos pela rainha e forçado a deixar as funções reais.
Apesar do comando do rei, o duque de York tem se recusado a sair da residência e panos quentes foram colocados momentaneamente sobre a situação. Conforme o portal Page Six, ainda que não tenham renda para arcar com os custos e a manutenção da Royal Lodge, o príncipe Andrew e sua ex-esposa, Sarah Ferguson, que também mora na propriedade, não serão expulsos do local enquanto ela estiver se submetendo ao tratamento do câncer de mama, descoberto em junho. Os dois são pais das princesas Beatrice, 35 anos, e Eugenie, 33.