Um juiz do Reino Unido decidiu, nesta sexta-feira (15), que o príncipe Harry foi vítima de grampo telefônico por parte de jornalistas do Mirror Group Newspapers (MGN). O grupo editorial deverá indenizá-lo com 140.600 libras (US$ 178.500 ou R$ 887.139, na cotação atual) em perdas e danos.
O juiz do Tribunal Superior de Londres estimou que 15 de 33 matérias apresentadas como prova pelo filho caçula do rei Charles III foram resultado da invasão em suas mensagens por parte da editora que publica os jornais The Mirror, Sunday Mirror e Sunday People.
O príncipe Harry celebrou a condenação por meio de seu advogado e prometeu continuar se defendendo contra a imprensa nos tribunais.
"A sentença proferida hoje me justifica e me dá confiança", declarou, em nome do duque de Sussex, seu advogado, David Sherborne, em um comunicado que condena as práticas da imprensa contra o membro da família real.
"Missão continua"
O príncipe, que está envolvido em vários processos judiciais contra tabloides britânicos, termina o texto garantindo que não desistirá de seus esforços.
"A missão continua", acrescentou, na mesma nota, Harry, que se mudou para os Estados Unidos com a esposa, Meghan Markle, após abandonar suas funções na monarquia britânica em 2020.
Em sua avaliação dos acontecimentos, o juiz Timothy Fancourt entendeu que o celular do príncipe havia sido "hackeado", ainda que "em uma extensão modesta".
"Considero que o telefone (de Harry) foi hackeado apenas de forma modesta e que, provavelmente, foi controlado cuidadosamente por certas pessoas em cada jornal", disse Fancourt.
O juiz concluiu que os jornais fizeram "extensas" escutas telefônicas de celebridades entre 2006 e 2011, incluindo quando estava em curso uma investigação pública sobre a conduta da imprensa britânica. Após a decisão do Tribunal Superior de Londres, o grupo editorial reconheceu sua culpa nos acontecimentos.
"Quando ocorrem irregularidades históricas, pedimos desculpas sem reservas, assumimos toda a responsabilidade e pagamos uma indenização adequada", escreveu o grupo editorial condenado.
Ao mesmo tempo, o MGN negou ter interceptado mensagens de voz, e argumentou que o príncipe apresentou algumas queixas tarde demais.
O magistrado destacou, em seu julgamento, a "tendência" do príncipe Harry de pensar que "tudo o que era publicado era produto de mensagens de voz 'hackeadas'", porque essa prática "prevalecia no Mirror Group naquele momento". Mas "não era a única ferramenta jornalística nesse momento", razão pela qual rejeitou as acusações do príncipe de 39 anos nos outros 18 artigos apresentados.
No julgamento, Harry prestou depoimento durante oito horas, distribuídas em dois dias de audiência, em junho deste ano.