A apresentadora Angélica, 48 anos, é uma das mulheres que estampam a capa da edição mais recente da revista Marie Claire Brasil. Na entrevista, publicada nesta quarta-feira (28), abriu o jogo sobre as dificuldades de ter enfrentado uma menopausa precoce e revelou como, após o tratamento correto, conseguiu melhorar a vida sexual com o marido, Luciano Huck.
— As pessoas lutam contra a menopausa, acham que é sinônimo de velhice. Se a gente for olhar para o patriarcado, lá atrás, vai ver que colocaram na nossa cabeça que a mulher fica seca quando entra na menopausa, que não serve para mais nada. Então, dentro de cada uma, lá no inconsciente, existe uma coisa de negar esse momento. E acho que vivi isso também. Primeiro porque era muito nova, tinha 42, 43 anos, e, justamente porque não se fala muito nisso, não sabia que minha irmã e minha mãe tinham tido menopausa precoce. Comecei achando que era estresse, excesso de trabalho, uma TPM gigante... — contou.
Demorou um tempo até que tivesse a informação correta sobre a situação.
— Tinha calorão, vivia irritada, não tinha vontade de transar... Mesmo dos médicos, só recebia informação truncada. Fiquei uns dois anos tomando chazinho para isso, chazinho para aquilo. Estava evitando um tratamento mesmo, e foi péssimo. Aí, quando encarei isso como um processo, tudo mudou. Eu realmente acredito que a menopausa é o começo de uma outra etapa da vida, e que pode ser muito legal. O fato de ter que buscar uma forma de melhorar os sintomas fez com que eu me conhecesse melhor, que me aprofundasse no meu corpo. Tem tanta coisa boa nisso. A gente para de menstruar, TPM não existe mais. Mas demorei. Demorei por falta de informação e por essa vergonha encruada que colocam na gente.
A vida sexual, inclusive, foi um dos âmbitos que melhoraram com o autoconhecimento após a menopausa, conta.
— Quando você começa a se olhar, a se conhecer, a falar sobre o assunto, sobre a mudança na libido, você abre outro universo, onde pode se preocupar com isso. Da forma que for (depois da menopausa), a gente acaba ficando mais livre com o nosso corpo, com aquilo que a gente gosta, quer, com o que aceita ou não. E isso é muito maravilhoso. Aí é claro que a vida sexual vai melhorar, porque você está dando atenção, está olhando para ela, tentando fazer com que ela fique melhor — opinou.
Para ela, esse esforço também precisa contar com participação do companheiro.
— Passa também pelo companheiro que você tem, se o cara também está disposto a esse crescimento. A gente (ela e o marido, Luciano Huck) está casado há quase 19 anos, então hoje temos uma intimidade muito maior do que, sei lá, cinco, seis, sete anos atrás. E esse é um assunto importante para nós, uma área que eu acho fundamental. Sexo é saúde. É importante para o bem-estar, para a cabeça, para o trabalho... E é lindo também. Tem essa coisa sagrada do sexo que eu acho incrível.
Por fim, falou das mudanças que vieram com a maternidade. Angélica e Luciano são pais de Joaquim, 17 anos, Benício, 14, e Eva, 10.
— Eu nunca tinha parado para pensar em feminismo antes de a Eva chegar. E ela trouxe isso. De pensar: "Que mundo eu quero para a minha filha?". Mesma coisa com a adolescência dos meninos. Eu tenho um de 14 e um de 17, e não tive isso de "vai para a festa, chega às 3 da manhã". Porque, na verdade, eu não tive tempo, e minha cabeça estava em outro lugar também. Dos 14 aos 22 foi o auge de tudo: eu fazia dois programas de televisão, fazia show todo fim de semana, gravei 20 longplays... Não parei. Quando vi, já tinha 20 e poucos anos. Então estou aprendendo com eles. A gente sempre teve muito diálogo, eles são honestos, abertos, sabem que têm sempre muito apoio aqui. A coisa até que flui bem. Mas eu fico acordada esperando, aquelas coisas. É um estresse que eu não conhecia.