Até hoje, um quarto de século depois de sua morte, a princesa Diana segue como uma das mais marcantes personalidades da história recente da monarquia britânica. Das lembrancinhas da família real que são vendidas por toda Inglaterra às memórias afetuosas de quem acompanhou a ascensão da jovem, a imagem de Lady Di continua muito presente no imaginário popular.
Mãe dos príncipes William e Harry, Diana perdeu a vida em um acidente de carro no dia 31 de agosto de 1997, em Paris, na França, quando estava sendo perseguida por paparazzi. Dois anos antes de sua morte, quebrou protocolos ao dar uma entrevista à BBC comentando "assuntos proibidos", como os bastidores da separação do príncipe Charles, as traições e seus distúrbios alimentares. Talvez seja essa vulnerabilidade um dos fatores que contribuíram para que fosse vista por tantos admiradores como um "ícone" real que representava a "mulher comum".
Conhecida como a "princesa do povo", tinha um carisma natural e se conectava não só com os britânicos, mas com a população no geral, de forma ímpar. Por outro lado, enfrentou uma relação conturbada com a imprensa desde que virou um dos assuntos queridinhos da mídia internacional. Reunimos, a seguir, alguns dos momentos marcantes de sua vida que podem explicar a identificação com o público.
Casamento conturbado
Diana e Charles subiram ao altar no dia 29 de julho de 1981. Diante de uma multidão exultante e 750 milhões de telespectadores, o filho mais velho da rainha Elizabeth II se casou com a tímida Diana Spencer. O "casamento do século", entretanto, terminou de forma dramática.
Eram duas pessoas muito diferentes, avaliam especialistas em família real. Ele personificava a monarquia, austera e fria, enquanto Diana, fotogênica e empática, fascinava onde quer que fosse. No entanto, sua imagem pública escondia uma mulher ferida, que sabia que seu marido ainda estava apaixonado por seu amor de juventude, Camilla Parker Bowles, a quem Diana apelidou de "Rottweiler".
A relação do casal logo se tornou caótica, com infidelidades e vinganças por meio da imprensa, culminando no divórcio, em 1996. A trágica morte de Diana em 1997, aos 36 anos, em um acidente de carro com seu novo amor, o herdeiro egípcio Dodi Al-Fayed, chocou o mundo. Já o herdeiro da coroa britânica casou-se com Camila em uma discreta cerimônia civil em 2005, oito anos após a morte de Diana.
Engajamento em causas sociais
Em abril de 1987, Diana abriu a primeira unidade para tratar exclusivamente pacientes portadores de aids construída no Reino Unido. No dia da inauguração, diante da mídia mundial, ela apertou a mão, sem luvas, de um homem que sofria da doença, desafiando o estigma de que a condição era contagiosa pelo toque. Com um único gesto, quebrou paradigmas sobre a "epidemia do século", desacreditando crenças nutridas pelo medo e pela ignorância.
Este é um dos exemplos de como Diana foi uma das mulheres mais admiradas no século 20 por suas atitudes e engajamento em causas sociais. Para a famosa entrevista da BBC, Diana também comentou sobre o assunto.
— Fiquei muito confusa sobre a área em que deveria entrar. Então me vi cada vez mais envolvida com pessoas que eram rejeitadas pela sociedade - com, eu diria, viciados em drogas, alcoolismo, espancados por isso ou aquilo, e encontrei uma afinidade aí — disse ela. — Respeitei muito a honestidade que encontrei com as pessoas que conheci, porque nos hospícios, por exemplo, quando as pessoas estão morrendo, elas são muito mais abertas e mais vulneráveis, e muito mais reais do que outras pessoas. E eu valorizei isso.
Questionada se teve algum tipo de orientação da família real sobre o papel que deveria exercer como esposa do herdeiro da coroa britânica, resumiu:
— Não, ninguém me fez sentar com um pedaço de papel e disse: "Isso é o que se espera de você". Mas aí, novamente, tenho a sorte de ter encontrado meu papel, estou muito consciente disso e adoro estar com as pessoas — concluiu.
Fashionista
Ícone de beleza, elegância e comportamento, a princesa era dona de um um estilo clássico. Chamou atenção ao quebrar (mais!) protocolos nos anos 1990, com roupas um pouco mais curtas ou justas do que a realeza britânica recomenda. A personal stylist e colunista de moda de Donna Roberta Weber resumiu, em texto publicado em 2017, sua peculiaridade:
"Ela entendia o poder da roupa de comunicar mensagens: sua famosa empatia era comprovada em suas escolhas. Ao visitar crianças, evitava chapéus já que a peça dificultava abraçá-las. Em um hospital para deficientes visuais, escolheu veludo pelo toque agradável e aconchegante, necessário para quem conseguiria apenas senti-la".
Vários de seus vestidos marcaram época, mas um em especial entrou para a história por traduzir um dos episódios mais marcantes de sua vida. Batizado de revenge dress (vestido da vingança), o famoso tubinho preto foi usado em 1994, enquanto ainda corria o processo de separação oficial do príncipe Charles. Pouco antes de vesti-lo para um evento, Diana assistiu em casa à famosa entrevista de tevê onde o ex-marido confirmou ter tido um caso com Camilla Parker Bowles enquanto ainda era casado.
O mundo esperou pela primeira aparição pública de Diana e sua reação à declaração. Rumores dão conta de que ela chegou a pensar em cancelar sua aparição no evento, mas decidiu seguir em frente e encarar de vez a mídia. Para a ocasião, mudou os planos para o look e elegeu um ousado e revelador modelito preto.
O revenge dress de Diana quebrou uma série de protocolos de uma só vez. Além de ser preto (cor usada pela realeza durante o dia apenas em ocasiões de luto), era justíssimo e curto. A princesa ainda o usou puxando as alças para os lados e tornando-o praticamente um tomara que caia.
A estratégia deu certo. Os jornais, que esperavam retratar uma Diana abatida pela entrevista do ex-marido, se concentraram em elogiar o corpo e o vestido usado por ela. Pouco se falou no escândalo e muito se comentou sobre como aquela bela mulher parecia estar lidando bem com a confissão de Charles. Uma vingança sutil conseguida apenas com um inteligente remanejo de roupas.
Até hoje
O fenômeno Diana ganhou novo fôlego com produções recentes, como a série The Crown e o filme Spencer. Sua popularidade também é confirmada nesta quarta-feira (31), quando centenas de britânicos se reúnem para prestar homenagens no 25º aniversário da morte da princesa Diana em frente ao Palácio de Kensington, no centro de Londres. Flores, fotos e mais objetos foram colocadas na antiga casa de Diana e acima do túnel rodoviário de Paris, onde ela perdeu a vida.