Aos 79 anos, a atriz Susana Vieira voltou aos palcos pela primeira vez desde o começo da pandemia na última semana com a peça Uma Shirley Qualquer, no Rio de Janeiro. Para celebrar o recomeço profissional, a artista concedeu uma entrevista à Revista Ela, do jornal O Globo, na qual abriu o jogo sobre questões da vida pessoal, como sexo na maturidade, expectativa de vida e solidão.
Sobre o último tema, disse ter ficado "muito triste por causa do mundo".
— Foi uma solidão muito mais social do que particular. Comecei a pandemia sem ter um "caso" oficial. Sinto falta só de ter um namorado para ir ao cinema, jantar fora. Mas, dentro de casa, não sinto essa necessidade. A minha felicidade independe do outro. Andei flertando por mensagens, mas começavam uns papinhos e achava tudo lento. Vi que não passava de uma grande ilusão porque não poderíamos nos encontrar, beijar na boca. Então, me fechei no quarto e fiquei muito triste por causa do mundo — relatou.
Questionada sobre a sexualidade para mulheres da sua idade ainda ser tratada como tabu, respondeu:
— Existem aquelas que envelhecem com 40 anos e as que não envelhecem. Veja se tem alguma velha francesa bonita solteira lá em Paris. Não tem! Essa coisa de que a mulher perde a vontade de namorar ou transar depois dos 50 é ignorância. Acho que faz parte do machismo brasileiro, que é exagerado — opinou.
Em seguida, relembrou seus relacionamentos com homens mais jovens.
— Me aproximei de homens jovens a vida inteira depois dos meus matrimônios porque eles acham alguma graça em mim. Não dei apartamento para nenhum deles, meu amor, nem carro. Posso ter dado até uma moto (solta uma gargalhada). Essas pessoas mais jovens conseguem levar uma vida conjugal comigo porque sou engraçada, trabalho fora, não encho o saco nem telefono. Quero saber é do meu texto e se vou beijar o Cauã Reymond na próxima cena — disse ela.
Na conversa, Susana também falou sobre seu quadro de leucemia linfocítica crônica. A doença é incurável e exige que ela faça cinco sessões de quimioterapia a cada seis meses.
— Meu médico diz que não vou morrer por causa da leucemia — explicou. — Então, me protejo para não pegar covid-19 e acabei de tomar o reforço da vacina. Estava com medo de morrer por causa disso. Quero ir até os 100 e acho que vou conseguir.