No último final de semana, o caso de uma menina de 10 anos do Espírito Santo que engravidou após ser estuprada chamou atenção do país. O suspeito é o tio da criança, que está foragido.
Nas redes sociais, muitas personalidades manifestaram seu apoio à criança e sua indignação perante ao caso de abuso sexual infantil. Entre elas, algumas famosas decidiram postar fotos suas aos 10 anos para defender o aborto legal no caso. Confira:
"Com 10 anos ainda se brinca de pique, de boneca, de videogame. Com 10 anos se inventa coreografias, se lê, se faz desenhos. O único dever da criança é ser criança. Parem de roubar o corpo, a saúde e os direitos de meninas e mulheres. Só assim se diminui o aborto", escreveu a atriz.
"Com as crianças e com as mulheres", resumiu a artista.
"Eu, 10 anos de idade, menina de tudo que só sabia ser criança. Minha irmã, seis anos, recém menina de tudo que só sabia ser criança. É inacreditável como o Estado não protegeu, rapidamente, a vida de uma criança de 10 anos. Que se encontra grávida após ser estuprada desde os seis anos de idade! É inacreditável como esses fundamentalistas religiosos esbravejam e expõem uma criança para que ela seja obrigada a parir", opinou a atriz.
"Essa sou eu com 10 anos. Fui procurar uma foto pra lembrar como era ser uma menina de 10 anos de idade. E quando a gente traz pra perto, internaliza, a revolta cresce. Porque temos hoje protestos de grupos religiosos, na frente de uma maternidade, condenando o aborto que deve ser feito pra salvar a vida de uma menina de 10 anos, abusada desde os seis pelo próprio tio, que está grávida. A lei garante o aborto em caso de estupro e em caso de risco de vida da gestante. O que não se leva em consideração é o tempo que demora pra que se descubra a gravidez dessa criança, que não fala do abuso, que sofre por medo - quem dirá entender que está grávida e procurar ajuda? Até que essa gestação seja descoberta, semanas se passaram. Isso somada a lentidão e a burocracia da justiça... Façam vocês as contas", escreveu a atriz.
Entenda o caso
O caso veio a público depois de a menina se sentir mal e dar entrada no Hospital Roberto Silvares, em São Mateus (ES), onde a gravidez foi detectada. À tia e aos médicos, a criança contou que o tio a estuprava desde os seis anos e ainda a ameaçava para que não relatasse os abusos à família. O homem foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de ameaça e estupro de vulnerável. Ele é considerado foragido.
No sábado (15), por determinação da Justiça, a garota chegou a ser internada em um hospital de Vitória, na capital capixaba, para interromper a gestação. Porém, a equipe médica do Programa de Atendimento as Vítimas de Violência Sexual (Pavivi) se recusou a realizar o procedimento. Em documento obtido pelo G1, os médicos justificaram a negação alegando que “a idade gestacional não está amparada pela legislação vigente” que permite o aborto no país. Ainda conforme o documento, a menina está com 22 semanas e quatro dias de gestação.
No domingo (16), acompanhada de uma assistente social e de um familiar, a menina viajou a outro Estado para ser submetida a interrupção da gestação. De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, nesta segunda-feira (17), profissionais de saúde confirmaram a realização do procedimento. De acordo com o gestor executivo e diretor do Cisam, o médico Olímpio Barbosa de Morais Filho, a interrupção da gestação teve início no domingo, o procedimento será finalizado nesta segunda.