A ginasta Simone Biles, conhecida mundialmente por bater recordes e conquistar quatro medalhas de ouro na Olimpíada de 2016, falou sobre o caso de abuso sexual envolvendo o ex-médico da seleção norte-americana do esporte, Larry Nassar, em entrevista à revista Vogue publicada nesta quinta-feira (9).
Simone foi uma das ginastas abusadas pelo médico, que somou até 360 anos de prisão em três condenações por pornografia infantil e abusos sexuais. Para a publicação, não deu detalhes do que exatamente aconteceu com ela, apenas afirmou que os incidentes foram menos graves comparados aos relatos de suas colegas.
— Fiquei muito deprimida — contou ela. — Houve um ponto em que eu dormia muito, porque, para mim, era o mais próximo da morte que conseguia chegar sem me machucar de verdade. Era um escape dos meus pensamentos, do mundo. Foi um momento muito sombrio da minha vida.
A ginasta contou ainda que, na época, ficou em dúvida se o que tinha vivido com o médico se qualificava como "abuso sexual", e chegou a buscar no Google o significado do termo.
— Sinto que eu sabia, mas não queria admitir para mim mesma. Sentia que o público queria que eu fosse perfeita. Quando uma atleta norte-americana ganha na Olimpíada, ela se torna a "queridinha da América". Então, achei que iam pensar: "Como isso poderia acontecer com ela?". Sentia que ia decepcionar as pessoas — relatou.
Mesmo assim, Simone afirma ter sido um alívio dividir sua história com o público.
— Foi como um peso que saiu dos meus ombros. E eu sabia que, fazendo isso, poderia encorajar outras sobreviventes a fazer o mesmo — concluiu.
Simone não quis comparecer ao julgamento de Nassar em janeiro de 2018, no qual muitas de suas vítimas deram depoimentos emocionantes. Em seu perfil do Twitter, porém, ela publicou um texto contando que também havia sido vítima.
"Eu também sou uma das sobreviventes que sofreu abusos sexuais por parte de Larry Nassar", escreveu ela. "Durante muitos anos, me perguntei: ‘Fui muito ingênua? Foi culpa minha?’. Hoje eu tenho a resposta a essas perguntas. Não. Não foi culpa minha. Depois de ouvir os corajosos relatos de minhas amigas e de outras sobreviventes, sei que essa experiência terrível não é o que me define".