Diversos tabus cercam a vida das mulheres. Um diz respeito ao passar dos anos. A sociedade insiste em colocar as mulheres mais velhas em estereótipos, que determinam como serão o seu comportamento, sua roupa e até sua forma de encarar a vida a partir de certa idade.
Mas já existe um movimento que está nadando contra a corrente e mostrando que envelhecer não precisa significar nada além do número que consta no RG. Para ilustrar essa ideia, reunimos cinco famosas que já falaram sobre o assunto publicamente. Confira:
Xuxa
Prestes a lançar sua autobiografia e quatro livros infantis, Xuxa falou sobre feminismo e envelhecimento em entrevista à revista Veja publicada na última sexta-feira (17). No bate-papo, a apresentadora de 57 anos discorreu sobre como é envelhecer bem para ela.
— Primeiro se aceitar, entender que isso vem pra todos, não é pessoal. Não é só você que não tem mais colágeno, não é só você que não está se reconhecendo no espelho. E que as dores na coluna e nos joelhos vão ser seus companheiros. Depois, se quiser encontrar alguém que te ame desse jeito, que envelheça do seu lado, que venha te dizer que você está linda quando ninguém mais te acha, melhor ainda. O Ju (Junno Andrade, namorado de Xuxa) me aceita do jeito que sou: ama me ver careca, gorda ou não, simplesmente me aceita do jeito que sou. Isso me ajuda muito, me sinto amada, desejada e tudo fica mais fácil — relatou.
Ainda sobre o assunto, admitiu que não é fácil aceitar o passar dos anos, principalmente sendo famosa.
— Ninguém aceita como deveria aceitar. Eu faço parte do imaginário, da memória afetiva, do momento mágico das pessoas. Para muita gente eu ainda sou aquela que descia da nave de chuquinhas, a intocável, a quase ET. Rugas não combinam com isso. Deve ser horrível me ver despencando como um ser normal — refletiu.
Claudia Raia
Atriz, dançarina, produtora, palestrante, empreendedora, mãe. Aos 53 anos, Claudia Raia está no seu auge criativo. Em meio à já agitada vida de artista, criou um projeto para incentivar outras cinquentonas a se libertarem de estereótipos que as afastam de buscar novos sonhos depois de chegarem aos 50 anos. Em entrevista exclusiva à Donna, refletiu sobre o assunto.
Brinco que estou começando o segundo ato da minha vida agora. E que podem se preparar que será algo grandioso
CLAUDIA RAIA
— A ideia ageless vem para mostrar que a mulher tem seu espaço, seus desejos, seus anseios, em qualquer idade. As pessoas acham que mulher existe até os 30 anos ou depois, quando está com 90 anos, como Fernanda Montenegro. Parece que aquelas que estão nesse intervalo entram em um buraco negro. E não é assim, amor. Estou no meu auge criativo, pessoal e profissional. Tenho as rédeas da minha vida na mão. Estou produzindo, atuando no palco, desenvolvendo mil projetos. Feliz no amor. Feliz no trabalho. Muito realizada. E é sobre isso que quero falar — disse ela.
No programa 50 e Tantas, transmitido pelo IGTV, no seu perfil do Instagram, a atriz fala sobre moda, beleza, empreendedorismo e outras questões sob o ponto de vista de quem já viveu cinco décadas, é dona do seu dinheiro, sabe bem o que quer e ainda tem muito a realizar.
— Não aguento que me digam que já realizei tudo e agora já posso descansar. Amor, é tanta coisa para fazer ainda. Brinco também que estou começando o segundo ato da minha vida agora. E que podem se preparar que será algo grandioso (risos). Patrulha de roupa é outra coisa que não entendo. Como assim? Uso o que tiver vontade. Idade não me define. Somos mulheres, com nossas questões, nossos amores, algumas são mães... Cada uma com sua complexidade. E quero que sejamos vistas assim, na nossa completude!
Fafá de Belém
A cantora Fafá de Belém, de 63 anos, assumiu os cabelos brancos em março e compartilhou um vídeo refletindo sobre a decisão em suas redes sociais.
Nós somos resultados de uma vida vivida, e é isso que importa
FAFÁ DE BELÉM
— Vem um e diz que vai envelhecer, outro diz que não vai fotografar, outro que tem que estar arrumada, que tem que estar maquiada. Este ano, finalmente, tirei um mês de férias e tomei a coragem de deixar de pintar — contou ela.
Na gravação, Fafá falou sobre o que a levou a tomar a decisão de parar com a pintura do cabelo e refletiu sobre a passagem do tempo.
— Adoro ter 63 anos. Não uso botox, não uso maquiagem. E acho que nós, mulheres, temos que nos orgulhar da pele que temos — opinou. — Todos nós envelhecemos. O tempo chega para todo mundo. A idade caminha para frente. Não tenhamos vergonha dos nossos cabelos brancos, das nossas rugas, das nossas olheiras. Nós somos resultados de uma vida vivida, e é isso que importa.
Susana Vieira
Hoje com 77 anos, Susana Vieira concedeu uma entrevista à Donna quando tinha 74. Na conversa da época, explicou que não se enxerga como senhora.
— Mantenho ainda essa chama de mulher acesa. Não sou vovó. Tenho dois netos, mas não sou a vovó. Não sou uma senhora, mas não sou mesmo. Pode me chamar do que quiser, mas não sou uma senhora. Sou uma atriz, uma mulher independente, que não depende de ninguém a não ser do trabalho e do emprego, e faço o que quero respeitando todas as leis do país — afirmou ela.
Questionada como lida com a idade, ela revelou os fatores que ajudam com que ela mantenha o espírito jovem.
O desejo de ser feliz, o desejo sexual, de fazer alguma coisa importante, só terminam com a morte
SUSANA VIEIRA
— O desejo de ser feliz, o desejo sexual, de fazer alguma coisa importante, só terminam com a morte. Depende de você deixar morrer ou não. Tenho uma genética muito boa, porque sou uma pessoa muito conservada. Mas, além disso, me preocupo muitíssimo com meu corpo e minha saúde. Tanto que saí agora de uma aula de alongamento e estou indo para a academia. Fora isso, não como açúcar, não bebo, não fumo... Isso tudo pode ser que ajude, mas não acredito, não. Acho que o que me conserva, além do fator genético, é o espírito. Não reclamo de nada, só fico muito brava. Não fico magoada, não uso essa palavra. Acho péssimo o verbo magoar. É uma palavra baixo astral, que não tem conserto. Quando você fica magoada, você fica magoada até que horas? Quando você tem raiva, fica algum tempo e acabou, mas a mágoa leva para o resto da vida. Não tenho trauma com nada e não tenho raiva de ninguém, estou sempre com gente jovem por perto, seja filho, amigos ou namorados, acho que isso tudo vai me renovando — contou.
Fátima Bernardes
Aos 57 anos, a jornalista Fátima Bernardes viveu uma verdadeira transformação nos últimos anos. Mudou o rumo de uma carreira já consolidada e estreou um programa de entretenimento, se divorciou do marido, William Bonner, com quem era casada há 26 anos, e engatou um romance com um homem 25 mais novo, o deputado federal Túlio Gadelha. E, é claro, ouviu críticas de todos os lados.
No ano passado, ao participar da brincadeira #10yearschallenge, que consiste em comparar uma foto atual com uma de 10 anos atrás, foi bem clara ao afirmar que prefere a Fátima de hoje.
— Achei uma foto minha sozinha. Outra pessoa, né? A gente também muda muito. Prefiro como estou hoje. A ideia é mostrar que a gente modifica, que aparece uma ruga aqui outra ali. E ok que a gente está de outro jeito — refletiu ela.