A moda do Rio Grande do Sul amanheceu mais triste ontem, com a notícia da morte de seu maior nome, Rui Spohr. Detentor de um estilo único e criativo, suas peças levam as características que ele mais prezava: originalidade, sofisticação e simplicidade. Trabalhava sobre os tecidos com maestria e, ao mesmo tempo, apresentava acabamentos e corte impecáveis. Por volta de 1948, realizou seu primeiro desenho reconhecido como estilista, e, logo em seguida, o primeiro desfile.
Em um dos eventos da época, conhecido por Brazilian Look, “A moda inspirada na beleza da terra que produz o melhor café do mundo”,que apresentava grandes empresas e estilistas, percorreu a Europa e o Oriente. A coleção de Rui apresentou um vestido de gala em Warpé Rhodianyl da Yasmina, e deixou clara toda sua dedicação pela Alta Moda. No Diário de Noticias – Porto Alegre/1963: “O Brasil mandou para Europa uma coleção de vestidos criados por 7 costureiros classificados como os melhores do pais. A nossa cidade foi colocada entre as quatro capitais brasileiras que ditam a moda para o Brasil. E Rui, uma das 7 autoridades no “vestir” brasileiro”.
A partir desse mesmo ano, sua trajetória na moda gaúcha ficaria marcada. A cada desfile, apresentava modelos únicos, com muita elegância, luxo e bom gosto. De 1952 a 1954, estudou em Paris, no Chambre Syndicale (sindicato da alta-costura), e na escola l’Opéra, a chamada École Guerre-Lavigne (hoje denominada ESMOD). Foi reconhecido por ser o primeiro brasileiro a estudar moda, e, especificamente, alta-costura em Paris. Em seu retorno, apostou na confecção de chapéus – além dos já reconhecidos modelos de tailleurs femininos, vestidos e echarpes. Ficou conhecido em todo o território nacional nos anos 1960 por participar dos desfiles da Rhodia.
Quanto mais reconhecimento tinha em revistas de circulação nacional, mais ele se se tornava, também, um propulsor para a carreira de novas modelos no Estado. Nessa época, ainda a moda no Sul era conservadora e pouco difundida. Rui não era apenas reconhecido por sua elegância e estilo único, mas também por suas coleções com peças que traziam um estilo atemporal e uma vertente de criações próprias inspiradas no frio do Estado.Hoje, vemos que todo o seu acervo tem grande importância para a moda do Rio Grande do Sul e do Brasil. Certamente, continuará inspirando, dos amantes da moda – ateliês, costureiros, alfaiates, chapeleiros, estilistas – até as mais novas gerações de designers.