Por Camila Maccari, especial
O final do reinado de Monalysa Alcântara vem com um gostinho de nostalgia. A piauiense, que se prepara para entregar a coroa neste sábado, 26, quando ocorre a final do concurso Miss Brasil 2018, está passando os últimos dias como Miss Brasil 2017 junto com as representantes dos 26 estados e do Distrito Federal. A convivência com as candidatas, confinadas desde o dia 17 em um hotel no litoral do Rio de Janeiro, permite que Monalysa faça um balanço de sua vida no último ano, quando sustentou o título de mulher mais bela do Brasil.
– Foi um divisor de águas na minha vida – contou à revista Donna por telefone na quarta-feira. – Um período incrível em que aprendi muito, cresci como pessoa e tive oportunidade de levar mensagens que eram importantes para mim.
Como falar sobre representatividade, por exemplo: Monalysa foi a terceira mulher negra a vencer o concurso de beleza criado em 1954. Antes dela, o título já pertenceu à paranaense Raissa Santana, em 2016 e à gaúcha Deise Nunes, em 1986. Para a vencedora de 2017, o próprio título já foi, por si só, uma mensagem.
– Sinto que consegui aproveitar para falar bastante sobre a importância de se sentir representada, sobre o racismo, sobre ser mulher. Afinal, sou do Piauí, sou mulher, sou negra e isso se atravessa na minha trajetória. Não tinha porque não falar sobre esses assuntos.
Na divertida entrevista por telefone, Monalysa Alcântara analisa que o discurso que permeou seu período de Miss Brasil acompanha uma mudança no papel exercido pelas soberanas. Para ela, o concurso de beleza vai muito além do que o objetivo de encontrar uma mulher absurdamente bonita. A pauta feminista encontrou espaço na agenda do último ano.
– Recentemente participei de uma palestra em uma faculdade paulista, que trazia mulheres influenciadoras de vários segmentos. O que nos unia era o feminismo. Pode ser que existam pessoas que achem que concurso de beleza não combina com o discurso feminista e que tenha sido assim por muito tempo, mas as coisas mudaram. Não temos mais medo de falar o que pensamos e não achamos que, por sermos misses, devemos agir apenas de determinada maneira. Somos bonitas, gostamos de beleza, mas não é só isso. Convivi com misses superinteligentes, aprendi muito com elas e sei que pude cumprir esse papel também. Não somos apenas uma coisa ou outra e o conjunto é importante pro trabalho.
Agora, prestes a passar a coroa, ela espera que a representante do país no Miss Universo siga nessa linha e traga luz para ainda mais discussões. A convivência com as meninas faz com que tenha expectativas para a final. E, para quem se pergunta sobre as favoritas, Monalysa tem as suas apostas, mas em segredo.
– Não posso contar! Só digo que há três mulheres que acredito que seriam incríveis para o título. Posso adiantar que é uma da Região Sul, uma da região Norte e uma da região Nordeste.
Para ela, as três preferidas são as que mais têm um elemento que considera indispensável para a próxima Miss Brasil: o borogodó, “daqueles que cativam instantaneamente” e uma personalidade radiante. Outra coisa que não pode faltar é aquele carisma que deixa perceber de longe que uma mulher é brasileira, independente de cor, de formato de corpo e tipo de beleza.
Com o fim do reinado, Monalysa tem uma série de projetos no forno: o primeiro deles é o canal no YouTube para falar de beleza e do que mais quiser. Depois, quer fazer cursos, quem sabe investir na carreira de apresentadora e, sem dúvida alguma, seguir desfilando, já que as passarelas são a grande paixão.
– É muita coisa, eu sei, mas eu tenho isso de querer abraçar o mundo – finaliza rindo.
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