Na busca pelo “corpo perfeito”, muitas pessoas começam a utilizar diversos suplementos alimentares que prometem potencializar os resultados do treino ou encurtar o caminho até o objetivo final. Manipulados ou comprados prontos, esses produtos são isentos de exigência de receita para a compra, o que permite o livre acesso de qualquer pessoa, leiga ou não, a uma infinidade de opções e a um “mar de promessas milagrosas”.
Mas o quanto disso é verdade? É seguro? Abaixo, veja quais são erros mais comuns na hora de usar suplementos e o que fazer para não cometê-los.
Faça exames de sangue previamente
Para não gastar dinheiro à toa e não correr risco de intoxicação, é fundamental a solicitação de exames de sangue pelo profissional que vai prescrever o suplemento alimentar. Dessa forma, ele terá um panorama da situação de saúde do paciente, e conseguirá indicar os produtos necessários de forma individualizada e que trarão mais benefícios. Por exemplo, alguns minerais, quando não estão deficientes no nosso organismo, nem são absorvidos no intestino, afinal de contas, não há falta dele. Por isso, saber o que está deficiente, para avaliar o que suplementar, é muito importante.
Cuidado com as superdosagens
A lógica do “quanto mais, melhor” claramente não se aplica ao consumo de suplementos alimentares. Algumas substâncias em excesso podem ser tóxicas para o organismo. Por isso, temos que entender muito bem quais os verdadeiros efeitos dessa ingestão, para o “tiro não sair pela culatra”.
Além disso, temos que considerar a dose do suplemento – que, geralmente, já é 100% da necessidade do dia, ou quase isso – somada às quantidades desse mesmo nutriente que estão presentes nos alimentos, justamente para evitar as superdoses.
Por exemplo, algumas vitaminas, quando ingeridas através dos alimentos, são protetoras contra doenças. No entanto, quando suplementadas, podem aumentar o risco de outras enfermidades. É o caso do betacaroteno. Quando ingerido nos alimentos, previne doenças cardiovasculares, mas pode aumentar o risco de câncer de pulmão quando consumido em versão suplementada.
Não substitua refeições por suplementos
Nada mais cruel para a saúde do que substituir uma refeição rica em nutrientes, compostos bioativos, fibras, variedades de sabores, formas, texturas e cores, por suplementos alimentares. Mesmo que eles digam que são “substitutos de refeição”, hoje já se sabe que nenhum consegue imitar a sinergia entre os nutrientes que a natureza nos oferece, e por conta disso, os compostos são muito melhor absorvidos e utilizados quando consumidos em sua forma integral e natural.
Além disso, a mastigação é fundamental para o processo de saciedade, para a liberação hormonal envolvida na digestão e metabolização dos nutrientes e para a adequada resposta de controle de fome. Portanto, trocar a refeição sólida por shakes não é nem adequado, nem vantajoso. Nosso organismo é muito mais complexo do que apenas a contagem de calorias para a perda de peso. Além de que, mesmo que você consiga resultados satisfatórios (a seu ver) com o uso de suplementos, lembre-se que seus resultados só serão mantidos enquanto a estratégia permanecer sendo feita, e é bem complicado viver o resto da vida trocando refeições por suplementos, não é?
E lembre-se sempre: consulte um profissional
Investir em um acompanhamento profissional de qualidade é priorizar a sua saúde. O nutricionista é o profissional adequado para prescrever sua dieta, e capacitado para encaixar as suplementações que forem necessárias. O médico também pode prescrever suplementos alimentares, dentro do seu escopo de especialização. Qualquer outro profissional não está habilitado para fazer essa prescrição – nem o fisioterapeuta que indica colágeno para as articulações, nem o professor da academia que indica whey protein para aumentar seus músculos. Não arrisque sua saúde.
E não acredite em suplementos milagrosos ou que tenham uma lista muito grande de benefícios: milagres não existem. As suplementações devem sempre ser coerentes com a sua alimentação, sua prescrição individual e personalizada para suas necessidades. Por isso, muitas vezes não vale a pena comprar produtos prontos, pois já vêm com uma quantidade padronizada. Além disso, muitos suplementos contêm substâncias que não se combinam, e uma substância acaba atrapalhando a absorção da outra, como por exemplo, os multivitamínicos e minerais.
Por fim, não busque nos suplementos a resolução dos seus problemas. Esses produtos servem como complementos a uma alimentação saudável, não como “muletas” para hábitos alimentares ruins. Devem ser utilizados quando a alimentação sozinha não supre todas as demandas e quando há deficiências nutricionais. São situações especiais que somente profissionais capacitados podem avaliar.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de yoga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.