As pesquisas de intenção de voto são as grandes campeãs de audiência aqui em casa, desbancaram até os peões do Pantanal. Não perco uma e, não minto, estou torcendo.
Entre candidatos oficiais e pré-candidatos, entre os que sequer pontuam e os que dividem a preferência da eleitora e do eleitor, sempre me causa estranheza ver aquele coach que levou um grupo de pessoas a se perder em uma trilha cravando 1% das intenções de voto. O sujeito não encontrou o caminho para o topo de uma montanha, imagine do que seria (in)capaz na condução de um país. Embora, sejamos francos, um cusco em dia de mudança pareça mais orientado que o nosso atual governo.
O voto é secreto, mas não posso ser hipócrita, votaria em qualquer candidato que se importasse com as pautas que me são caras. Ciro, Tebet, até mesmo o tal do Janones, de quem nunca tinha ouvido falar, se vocês ameaçarem chegar nas cabeças, juro que voto. Nem aí para partidos ou turmas, meu coração de mãe acolhe qualquer um que prometa deixar o Brasil menos pobre, menos violento e menos triste.
Voto em quem acabar com a farra das armas. O número de novas pistolas liberadas pela Polícia Federal cresceu 170% com as normas flexibilizadas e o cidadão comum tendo acesso a calibres mais potentes, antes restritos às forças policiais. Sem falar no PCC comprando armamento pesado com disfarce de caçador, atirador, colecionador, essas coisas.
Voto em quem promover a educação. O número de inscritos no Enem 2022 foi quase tão baixo quanto o de 2021, que ainda vivia os efeitos da pandemia. Fora isso, a educação vem sendo achincalhada desde as séries iniciais, com escolas sem investimentos, professores desvalorizados, alunos desassistidos. E pastores administrando recursos do Ministério da Educação.
Voto em quem se preocupar com a fome. Entre as tantas desgraças que estampam as páginas dos jornais, 33 milhões de pessoas sem comida e 125 milhões em situação de insegurança alimentar são as mais vergonhosas. Pensar que o Brasil tinha saído do mapa da miséria.
Voto em quem não financiar a destruição do que nos resta de natureza. Em quem não apoiar madeireiros, grileiros, narcotraficantes, garimpeiros e pescadores ilegais. Em quem remontar os órgãos de proteção ambiental e aos povos originários.
Voto em quem fizer o país voltar a crescer, em quem apoiar a indústria, a agricultura, os serviços, a cultura, mas isso em busca de desenvolvimento e empregos, não em troca de vantagens para os amigos e a família.
Voto em quem não esfregar os testículos na cara do país, gastando dinheiro em eventos tão ridículos quanto motociatas e promovendo a grosseria e a violência contra quem não é igual, contra quem pensa diferente.
Falando nisso, hoje é dia de dar uma conferida na pesquisa DataToalha, que mostra pelas ruas quantas toalhas com a cara de um ou de outro candidato vendem ou encalham. E o melhor: sem margem de erro. Voto, desde já, pela volta da alegria do brasileiro.
E voto pela arte. Até sábado ainda dá para assistir Gabinete de Curiosidades, a nova peça de Luciano Alabarse com dramaturgia de Gilberto Schwartsmann e duas lendas muito vivas no palco, Arlete Cunha e Zé Adão Barbosa. A história se passa em 2040, em um asilo no fictício país de Corrúpnia, onde as desigualdades sociais são a regra e a cultura e a arte morrem à míngua. Se lembrou um país que você conhece, a peça está em cartaz no Theatro São Pedro e ainda traz um convidado especial no palco, o ator bissexto Fernando Zugno. Que venham muitas temporadas.