O nome da tendência que viralizou no TikTok vem do inglês. "Slug" significa "lesma", e é daí a origem do termo slugging, que propõe a aplicação de produtos à base de petrolato (vaselina) no fim da rotina de skincare — depois do sérum e do hidratante. A ideia é potencializar o efeito de hidratação no rosto e a referência à lesma fica por conta do aspecto gosmento que o ativo acaba deixando na pele.
Na prática, a vaselina provoca uma camada de oclusão e, a partir do abafamento, faz com que os hidratantes penetrem mais fundo. Como todo conteúdo que vira hit na rede social, o assunto tem gerado interesse, especialmente, entre as mulheres da Coréia do Sul, as pimeiras a falar sobre a técnica por lá.
Funciona mesmo? E quando não é indicada? Quem esclarece nossas dúvidas é a dermatologista Márcia Donadussi. Spoiler: se você tem pele oleosa, é melhor descartar a ideia.
Quais são as vantagens do uso de vaselina na rotina de cuidados com a pele?
A vaselina nada mais é do que algo que a gente usa na dermatologia clínica: oclusão. Em algumas situações, com doenças como psoríases ou mesmo com pés muito ressecados, se usava em plastos, produtos que fossem mais oclusivos, para abafar o medicamento e penetrar nas camadas mais profundas da pele.
Essa técnica envolve usar um sérum ou um creme e aplicar a vaselina por cima. Ela é um derivado do petróleo, um petrolato, que tem uma característica muito oclusiva. É usada em pós-procedimento, peelings, alguns lasers, enfim, quando ocorre um ressecamento mais importante. Porém, em áreas pré-dispostas, como rosto, colo, peito e nas costas, que são áreas que temos mais glândulas sebáceas por centímetros quadrado, pode provocar cravos e acne.
Quando seu uso é indicado?
Quem pode se beneficiar com a técnica? Mulheres na pós-menopausa ou (quem utiliza a vaselina) em áreas extrafaciais, como nos pés, nos joelhos, nos cotovelos, áreas extra ressecadas. Aí pode trazer algum benefício.
Outra coisa que influencia é a genética, né? Lá (na Coréia) eles têm uma tendência a um tipo de pele diferente. Aqui no Brasil, sabemos que 80% da população tem mista ou oleosa. E o clima: pessoas que moram em lugares mais úmidos tendem a ter acne de oclusão, porque a camada de células mortas fica mais espessa.
Às vezes, temos a sensação da pele ressecada não necessariamente pela falta de lubrificação, mas por uma camada de células mortas mais espessa. Quando você sente a sua pele mais seca, é bem importante que ela seja avaliada de uma forma criteriosa. Está se empenhando e quer ter o melhor da rotina skincare? O ideal é que sejam avaliadas as reais necessidades para que você use os produtos adequados.
Quando a técnica não é indicada?
É uma técnica que tem que ser usada com muito cuidado em pessoas que têm pele com tendência à oleosidade.
Quais os cuidados ao utilizar esse tipo de produto?
Ser extremamente bem removido após o uso. Então, quer usar? Usa à noite e, no outro dia, remove, lava, limpa bem.
Por fim, essa questão da sensação de um ressecamento que não é verdadeiro é uma coisa bem importante. Atendi um rapaz que se queixava da pele ressecada, descamando na região da testa, das sobrancelhas, e era uma pele com poros dilatados, visivelmente oleosa, com cabelo oleoso. O que ele estava tendo eram um quadro de dermatite seborreica. Às vezes, a produção de oleosidade é tão intensa que provoca uma descamação da pele por esse acúmulo de oleosidade. E daí a pessoa vai lá e usa mais hidratantes. Em vez de resolver o quadro, está agravando. Então, esses pontos são importantes da gente frisar, principalmente em relação a um princípio ativo tão oclusivo quanto a vaselina. A ideia é abafar para aumentar a penetração. Mas não é para todo mundo.
*Produção: Luísa Tessuto