Não importa o tipo de cabelo, há sempre novos tratamentos surgindo para ajudar a domar os fios. Uma das técnicas que tem se popularizado em salões de beleza é o "botox capilar" — apesar do nome, os produtos utilizados não levam toxina botulínica, substância popularmente conhecida como botox, utilizada em procedimentos estéticos para prevenir ou amenizar rugas e linhas de expressão na face. O tratamento é baseado na aplicação de substâncias para a recuperação de agressões como alisamentos, clareamentos e tinturas. A técnica promete hidratar e dar brilho ao cabelo, deixando-o sem frizz e pontas duplas, mas é preciso ter cuidado para que não traga mais danos do que benefícios.
— As marcas que produzem "botox capilar" costumam oferecer duas versões de produtos: uma de tratamento e outra de redução de volume. Em geral, ambas são tipos de progressivas, porém mais suaves. O grande problema é quando a cliente não é avisada que o que está sendo aplicado na verdade é um redutor de volume, e não um simples tratamento — alerta o cabeleireiro e educador Gui Araújo, do Espaço Leo Sampaio, de Porto Alegre.
A seguir, o hairstylist e a dermatologista Analupe Webber, presidente da Sociedade de Dermatologia – Secção RS, explicam como funciona esta técnica e indicam os pontos a que você deve ficar atenta na hora de fazer o procedimento:
O botox alisa o cabelo?
Os produtos utilizados para este tipo de tratamento não são feitos com o objetivo de alisar o cabelo, mas, sim, reduzir o frizz.
Para quais tipos de cabelo é indicado?
É recomendado para cabelos que sofreram agressões com químicas em geral, destaca a dermatologista Analupe, e costuma ser uma opção para quem busca controlar o volume. O cabeleireiro Gui observa que ao optar pelo "botox capilar" não se pode deixar de fazer um tratamento para diminuir um possível efeito de enrijecimento do fio com o tempo.
Quanto tempo dura o efeito?
O resultado depende do grau de dano sofrido pelo cabelo.
— Se for um grau de dano maior, tem duração menor, cerca de um mês — pontua Analupe.
Mas, atenção: o tempo de duração do efeito é o principal fator para saber se a técnica oferecida é progressiva ou não.
— Se a promessa for de durar mais de 30 dias, o produto tem conservantes na fórmula, com chance de incluir substâncias que, dependendo da dosagem, são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — acrescenta Gui.
É importante sempre pedir para conferir a composição do produto que será aplicado no cabelo. Não deve conter formol, mas, sim, aminoácidos, proteínas e queratina.
Há riscos nesse tratamento?
Sim, há riscos. O cabeleireiro Gui Araújo observa que nem sempre há indicação clara nos produtos sobre os efeitos que podem causar aos fios e à pele.
— Não sou contra os alisantes, mas a cliente precisa ser informada sobre o que está sendo aplicado em seu cabelo, é mais profissional ser claro com o tipo de serviço que vai ser feito. Esse risco de um produto conter formol, e ainda assim ser apresentado como um tratamento, pode ser danoso.
É possível fazer em casa?
Há marcas que oferecem produtos indicados para aplica o "botox capilar" em casa. Nestes casos, é importante observar se são itens livres de químicas agressiva, como formol e glutaraldeído.
Quais os cuidados pós-tratamento?
O mais adequado, segundo o hairstylist, é manter uma rotina de reconstrução e nutrição. Os cuidados são os mesmos de quem faz progressivas para diminuir os danos causados pela química impermeabilizadora do fio.
— O melhor é reconstruir bem os fios antes do procedimento, pois essa película que alisa e os deixa rígidos pode impedir os tratamentos de penetrarem nos fios após a aplicação de "botox".