Liana Pithan, Especial
"Mulheres mais velhas, casadas e mães têm cabelos mais curtos do que as jovens, solteiras e sem filhos." "Sinal de juventude e saúde, o comprimento dos fios é um fator de sedução de parceiro e, provavelmente por isso, as já comprometidas abrem mão das longas melenas." Calma! Isso tudo é coisa do passado.
O que hoje soa como estereótipo estava entre as constatações de uma pesquisa feita pelos psicólogos Verlin Hinsz, David Matz e Rebecca Patience nos Estados Unidos em 1999. Mas hoje os tempos são outros.
A flexibilização sobre a aparência das mulheres iniciada nos anos 1980 se potencializou a partir da década seguinte, com o discurso em defesa da diversidade dos corpos e da expressão das individualidades, explica a psicóloga Jane Felipe, professora da Faculdade de Educação e integrante do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
– Apesar do empoderamento feminino, a “ditadura” dos padrões ainda existe em boa parte das revistas sobre corpo e moda. Mas isso vem se rompendo, e as mulheres têm conseguido expressar seus desejos sem serem julgadas, sobretudo nos grandes centros urbanos – afirma Jane Felipe.
Desde que completou 30 anos, a produtora de TV Lilian Sardi, hoje aos 60, notou que havia uma expectativa de que ela encurtasse o cabelo. Ela não só rejeitou a ideia como seguiu em direção oposta: renovou o visual com uma franja e clareou os fios castanho-claros.
Apesar do empoderamento feminino, a “ditadura” dos padrões ainda existe em boa parte das revistas sobre corpo e moda. Mas isso vem se rompendo, e as mulheres têm conseguido expressar seus desejos sem serem julgadas, sobretudo nos grandes centros urbanos".
JANE FELIPE
psicóloga e professora
Avó orgulhosa de Enzo, de três meses, Lilian hoje exibe longas madeixas em tons matizados de louro. Dividindo o tempo entre o trabalho e a ajuda à nora e ao filho nos cuidados do bebê, ela nem cogita abrir mão da vida profissional e dos fios longos.
Para colorir os castanhos e cobrir os brancos, aplica uma vez por semana um spray norte-americano clareador. Os cuidados incluem duas selagens por ano e a manutenção do corte a cada três meses – com o mesmo cabeleireiro há 20 anos.
Herança de família e escolha pela praticidade
No caso da fisioterapeuta Sirlei Bittencourt Gomes, 50 anos, a preferência pelos longos foi transmitida entre as gerações. Seu pai dizia que mulheres deviam ter cabelos compridos, sua mãe manteve esse estilo até recentemente, quando encurtou até a altura dos ombros, e sua filha também honra a tradição familiar.
– É como uma moldura. Não pretendo mudar. Vou ser uma vovó de cabelos longos – garante Sirlei.
Como ela precisa prender as mechas no atendimento a pacientes, o comprimento e o corte devem ser práticos. Camadas ou franja, portanto, estão fora de questão. Dona de fios ondulados, ela brinca que o volume pode incomodar outras pessoas, mas não a ela.
A bacharel em Direito e servidora do Tribunal Regional Eleitoral Isabel Benites, 46 anos, concorda com Sirlei sobre a praticidade do longo. Depois de fazer permanente na adolescência, usar um estilo chanel na época da faculdade e se arriscar em um corte com navalha há 10 anos, ela está convicta em manter os fios naturais e compridos.
Com alguns "branquinhos", Isabel retoca a cor a cada três meses:
– A minha mãe sempre usou chanel. Mas, na época em que ela chegou aos 40, isso parecia uma idade avançada. Hoje, a noção de envelhecimento mudou.
Dicas de quem ama um cabelão
- Lavar os cabelos em dias alternados;
- Sempre usar creme nas pontas antes de lavar e antes de se expor ao sol;
- Aplicar silicone nas pontas antes de usar o secador;
- Fazer hidratação ou selagem a cada três meses;
- Quando encontrar um cabeleireiro que entende você, seja fiel a ele;
- Lembrar que cabelo malcuidado dá mais trabalho para arrumar.