Desde que embaralharam o mundo e jogaram as cartas desse baralho para o alto, estamos todos atordoados. Está difícil entender para onde vamos, encontrar um caminho, remar para o lado certo. É natural que esse sentimento de incerteza bagunce a cabeça da gente. O que não podemos é correr o risco de nos repetirmos. De estagnar.
Andar para trás, muitas vezes, é inteligente. Olhar o passado, se referenciar nos métodos, nos costumes, na tradição e trazê-los para o agora. Andar para frente também é inteligente. Estagnar não é. Quando a gente opta por ficar parado no mesmo lugar acaba bloqueando a energia que deveria fluir. Não podemos cair na armadilha de continuar a inventar modismos. A ficha precisa cair!
Não precisamos mais da “the new big things” para continuar nossa travessia. Todos esses conceitos, diante de tudo o que estamos vivendo, se tornaram dispensáveis e obsoletos. Ninguém está mais preocupado em quem é o primeiro restaurante da lista dos melhores do mundo. Estamos todos fechados! E fazendo quentinhas para sobreviver!
Me parece meio óbvio que nesse momento a gente faça um esforço para finalmente focar no essencial. Abandonar o excesso, abolir os dogmas, as listas, as estrelas – e o estrelismo – encerrar esse capítulo e sacudir essa poeira! Correr para casa e trancar o ego num daqueles quartos onde não vamos muito, onde guardamos os esquecimentos. Estamos todos fazendo quentinhas para sobreviver. Quentinhas não são as “the new big things”! Quentinhas são a nossa sobrevivência, a nossa dignidade e a chance de continuar a exercer o nosso ofício, que é de certa maneira um serviço mais do que essencial neste momento: o de alimentar as pessoas, de transportar não apenas comida dentro de cada quentinha que preparamos, mas amor e esperança.
Ninguém precisa de uma nova tendência, de um novo ranking dos melhores do mundo, de mais estrelas... A gente quer é comida, diversão e arte.