Nesta semana li uma notícia que dizia que um restaurante fechou as portas por causa da crise. Não foi a primeira vez que vi essa desculpa para o encerramento de mais um negócio. Mas não consigo levar tal motivo a sério. Na maior parte das vezes, a culpa não é da crise, mas, sim, de um modelo de negócio que não se adaptou às realidades do mercado.
Como empresário, sei das enormes dificuldades de se ter um negócio, dos impostos absurdos e da burocracia. É desanimador o incentivo ao empreendedorismo no Brasil. Dito isso, é preciso de mais preparo para tocar um negócio de gastronomia nos dias de hoje. Ter uma boa comida não é o bastante. É preciso entender de comportamento do consumidor, de gestão de pessoas, de mercado e por aí vai.
Vejo muitos negócios ruindo pela falta de visão de seus comandantes, que ignoram mudanças no mercado e insistem em modelos ultrapassados e em propostas sem diferencial algum.
Se a culpa fosse da crise, como explicar vários negócios que estão bombando? Quem entendeu o momento e se adaptou buscou novas formas de rentabilizar o negócio de gastronomia e está crescendo como nunca. Tiveram restaurantes que cresceram fazendo mais eventos, outros investindo nos aplicativos de delivery, e alguns oferecendo pequenos mercadinhos de produtos dentro de seus estabelecimentos. Nada me incomoda mais do que alguns profissionais que colocam a culpa do fracasso no consumidor que “não entendeu a proposta”.
Se ele não entendeu, ou é porque está mal explicado ou porque não faz sentido. Não tem nada de feio em repensar uma proposta que não deu certo e reposicionar o negócio. Se o consumidor está querendo experiências mais descontraídas, pare de oferecer menu degustação, por exemplo.
O mais importante é parar de achar que estamos na crise. Esta é a nossa realidade, o Brasil é assim. A bolha que vivemos tempos atrás é que era algo atípico. E reclamar do mercado não vai melhorar em nada o seu negócio. Não dá mais para esperar que o mercado vire para o seu negócio crescer. Agora, ou vai ou racha.
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