Ataques como os que aconteceram na Catalunha, há alguns dias, não são apenas atos de violência contra um povo e uma cidade. O grupo terrorista responsável pelos mortos e feridos de Barcelona, como defendem os especialistas na área, tem como alvo um estilo de vida – que abrange prazer, cultura, boa comida e boa bebida. O que se pode fazer, nesses casos, fora tomar alguns cuidados e tentar levar um cotidiano normal? Resistir, comendo e bebendo muito bem. Por mais que isso pareça contraditório ou coisa de fanfarrão.
Em poucos lugares do mundo se aprecia comida tão boa quanto nos bares e restaurantes catalães. Poucos mercados do mundo são tão legais em produtos e atrações quanto o La Boquería, muito próximo do local dos atropelamentos. E esses pratos, lugares e tradições, para quem é apaixonado pelo tema, não pertencem mais apenas à Espanha: são tesouros do Ocidente e devem ser usufruídos como tal. Como diz Ricardo Freire, o grande expert em viagens, o melhor jeito de ajudar uma cidade ou país que passa por alguma catástrofe é justamente visitando-o.
No caso da Catalunha, está valendo se formos ao bar de tapas mais próximo e consumirmos croquetas de jamón, pão com tomate e crema catalana, entre outras maravilhas; ou se fizermos um brinde com cava ou vermute. Nem é preciso estar nas Ramblas, ícone barcelonense escolhido a dedo pelos terroristas. Nem no pacato litoral onde fica Cambrils, pequena cidade também atacada e que abriga restaurantes como o estrelado Can Bosch, liderado há décadas pelo chef Joan Bosch.
Uma região que legou ao mundo itens clássicos como aioli, batatas bravas, fideuá, e cozinheiros do nível de Ferran Adrià, Joan Roca, Santi Santamaria (a lista é grande), certamente terá for- ça cultural para superar cada vez que atentarem contra seu patrimônio. Da nossa parte, sigamos solidários, mesmo que à distância, de apetite e olhos sempre abertos.