Existem lugares que me ganham só pela experiência de estar. Eu digo os pratos e os significados por trás das receitas são sempre os protagonistas da trama. Mas se o cenário for igualmente envolvente, eu volto a frequentar como quem revê com filme sem cansar. E posso dizer que com o Marujo foi assim.
Vamos começar do começo. O novo restaurante de frutos do mar do bairro Rio Branco — e mais um pra pequena lista de Porto Alegre — fica na Rua São Manoel, dividindo o CEP e os donos com o Chica Parrilla e o Armazém Box 18 (o que vai explicar muita coisa).
A primeira delas tem a ver com a decoração: tanto a casa de carnes quanto a cafeteria têm em comum uma decoração maximalista, que te prende a atenção pela quantidade de objetos antigos e temáticos. Assim se repete no Marujo, agora, com o tema náutico. Todos os cantos, objetos, quadros e miniesculturas fazem referência à pesca e ao mar.
Nos negócios, outro ponto em comum são as diferentes cozinhas. Enquanto o Chica traz os pratos típicos do Uruguai, o Box 18 apresenta à cidade as iguarias judaicas no café da manhã. O Marujo trouxe pelas águas do mar uma culinária mais tupiniquim: a tão amada comida de boteco carioca.
A inspiração se revela no menu pelos petiscos, a maior parte do cardápio. Por lá, você encontra pastéis e bolinhos, desde aipim até bacalhau (isso é um sim para o bolinho de feijoada). Tem também croquete de carne e lagosta, além de peixe e torresmo. Nós destacamos dois deles: o pastel de polvo com bacon (R$ 10), uma combinação inusitada para nós, e o pastel de camarão com catupiry (R$ 12), um amor antigo.
Praticamente todos os pratos do cardápio são feitos para compartilhar, enquanto se toma um drink ou um chope Brahma bem gelado, no mais puro estilo carioca. Por isso, não há divisão entre entradas e principais. Há, no entanto, pratos frios e quentes. Antes de esquentar, provamos o ceviche (R$ 35), com a receita tradicional peruana, e o tartar de atum com avocado (R$ 62), um dos queridinhos da noite.
Vamos esquentar? Para isso, contamos com a porção de lula à dorê (R$ 33) e do polvo a provençal (R$ 45), com destaque ao último. O polvo estava no ponto certo, como uma boa casa de frutos do mar se propõe a servir, e um tempero excelente, com tomates e alho assados.
Um dos queridos do menu tem sido o lobster roll (R$ 90), um sanduíche que dificilmente você vai encontrar por aí. Se trata de um brioche recheado com lagosta e finalizado com crispy de alho-poró. Uma combinação cheia de sabor, para comer com as mãos e se lambusar!
Finalizando essa viagem em alto mar, provamos o flan de doce de leite (R$ 19) e o pastel de nata (R$ 12), servido quentinho e com canela.
A casa vai mergulhar ainda mais na gastronomia brasileira, com opções de feijoada e paella que passarão a integrar o cardápio. Mas fique tranquilo, assim que acontecer, eu voltarei ao Marujo com a maior satisfação para contar essa experiência por aqui.
E não é só no cardápio que você pode viver uma noite no Rio de Janeiro. No balcão, vende Biscoito Globo e chá-mate. No salão, toca em som ambiente as melhores da bossa-nova. É uma viagem que eu nunca vou me cansar de fazer!
Marujo Marisqueria e Bar
Endereço: Rua São Manoel, 198, no bairro Rio Branco
Horário de funcionamento: De segunda-feira a sábado, das 17h30 às 22h30 (horário provisório de soft-opening).
@marujomarisqueriaybar