Das massas aos frutos do mar, o Riso é só simpatia

Quando um grupo de amigos propôs fazer nossa confra de fim de ano no restaurante Riso, inaugurado em outubro na Zona Norte do Recife, a primeira coisa que pensei foi “meu deus, estamos velhos”. Afinal, já se foram os tempos de confraternizar em barzinhos baratíssimos, né? Mas ok, crise dos 26 anos à parte, meu segundo pensamento foi que esse devia ser um lugar no mínimo simpático, com um nome fofo desses.
Só depois fui me ligar que “riso” também é arroz em italiano – a nacionalidade do chef que comanda a casa, Paolo Salvatori. Mas acho que a palavra cabe bem nos dois sentidos, até porque é difícil não simpatizar com a casa desde a fachada, que nos recebe com o mascote meio circense que você vê na foto acima. Ele também tá presente lá dentro, por trás do aquário que abriga ostras e ouriços (sim, ouriços!) servidos por lá.
O ambiente tem uma pegada levemente lúdica, com lâmpadas penduradas, paredes vermelhas e o cardápio escrito como se fosse a giz. Somando isso aos suspensórios dos atenciosos garçons, gostei do lugar já antes de começar a comer.E a parte comilônica fez jus a essa impressão. Conhecido por preferir uma cozinha simples, com poucos ingredientes, Paolo mesclou tradição e contemporaneidade no cardápio. Pra começar, pedimos o Bolinho do Riso, uma porção de bolinhos de arroz arbóreo (aquele de risoto) com parmesão e sei lá mais o quê - só sei que o resultado é bem gostoso. Pra acompanhar, vem um molho especial da casa levemente apimentado que combina direitinho.
A essa altura a fome já era grande e partimos pras vias de fato. E é claro que não podia faltar o clássico Espaguete à Carbonara, né? Pensei muito em pedir esse prato (afinal, bacon é vida), mas deixei pra provar – e aprovar – o de um amigo.
Vegetariana, a namorada desse mesmo amigo pediu o Tagliatelle Vegan, que vem com molho de vegetais. Achei o prato bem servido, e não só em relação ao macarrão, mas também às verduras delícia. Só acrescentaria mais tempero, mas nada que um salzinho e uma pimenta do reino não resolvam.
Outro prato que também disputou o páreo na corrida da minha indecisão foi o Risoto de Frutos do Mar, que vem com camarão, mexilhão, polvo e lula. Fiquei com inveja do prato do boy, que apostou nesse pedido e acertou no alvo. Tudo saboroso e fresquinho, só amor!
Eu inventei de ser diferente e pedi o Risoto de Camarão. Inicialmente o arroz veio meio cru, mas felizmente eu não fiquei passando fome enquanto refaziam o prato porque já tinha provado um pouco do de cada um da mesa. O contratempo foi chato, mas o garçom foi muito atencioso e pouco depois chegou meu risoto certinho. Achei bem bom, mas em comparação com o de frutos do mar o coitadinho ficou em desvantagem.
Como se não bastasse, ainda dei umas garfadas no prato de outra amiga, que acabou alcançando o primeiro lugar no pódio do meu coração (ou estômago, né? Enfim, vocês entenderam). O Gnocchi Al Ragu de Rabada é feito com batata doce e superou totalmente minhas expectativas. Definitivamente vai ser minha pedida na próxima visita e arrisco que devia ser a sua também.
Pra terminar, ninguém foi criativo e pedimos todos a mesma sobremesa: o brownie, que vem como tem que ser, quentinho e com sorvete de baunilha. Achei gostoso e molhadinho, mas o tamanho deixou muito a desejar, considerando o preço: por R$ 16, esperava dar mais do que quatro garfadinhas.
Felizmente, os outros pratos foram bem servidos e com preço justo – entre R$ 34 e R$ 39. Somando cervejinhas, bebidinhas, sobremesas, água etc. etc., cada um pagou uns R$ 70. E saímos de lá felizes por celebrar mais um ano de amizade, de barriga cheia e nos sentindo superadultos. Afinal, esse negócio de barzinho barato ficou pra trás. Ou pra o dia seguinte.