Nada melhor do que começar o fim de semana abrindo uma cerveja bem gelada. Para te ajudar a escolher entre uma pilsen e uma american pale ale, a sommelière e mestre em estilo de cerveja Rafaela De Conti explica como ler os rótulos, diferenciar os estilos e escolher a ocasião ideal para cada um.
ENTENDENDO OS RÓTULOS
A maioria dos rótulos contém informações que auxiliam a identificar as características da bebida e a melhorar a experiência de consumo. Apesar de variar de acordo com a cervejaria produtora, abaixo, explicamos as mais comuns.
ESTILO: é uma das principais informações descritas no rótulo. Existem guias que apontam em torno de 140 diferentes estilos de cerveja, ou seja, receitas que estão dentro de um padrão de características. Ainda nesse conteúdo, vamos explicar a diferença entre alguns estilos.
ALE OU LAGER: referente ao tipo de fermentação. As cervejas fermentadas com levedura lager são mais delicadas. Já as ales costumam ser mais escuras, intensas e alcoólicas.
INTERNACIONAL BITTERNESS UNIT (IBU): é a unidade de amargor da cerveja. Quanto maior o número, maior será a percepção do lúpulo.
Graduação alcoólica, temperatura ideal de consumo e dicas de harmonização também vão na maioria dos rótulos e complementam a experiência.
O QUE DETERMINA O NÍVEL DE INTENSIDADE
Teor alcoólico, amargor e complexidade de aromas e sabores são intensidades que variam. Um exemplo está nas variações do estilo IPA. Uma session IPA tem amargor baixo e graduação alcoólica de no máximo 5%. Já uma IPA tradicional é amarga, com teor alcoólico em torno de 7%. Double ou Imperial IPA têm amargor elevado e teor alcoólico que pode chegar a 10%.
CERVEJAS PARA QUEM QUER COMEÇAR A BEBER
O legal do grande número de estilos é ir provando e escolhendo qual agrada mais o seu paladar. As menos alcoólicas são as mais indicadas para quem está começando. Witbier é um clássico por ser leve e, ao mesmo tempo, complexa nos aromas e nos sabores. A graduação alcoólica é baixa, a acidez é leve, além de ser refrescante, com toques de laranja e de semente de coentro. Outros estilos indicados são pilsen, weiss, pale ale e dunkel.
6 ESTILOS PARA EXPERIMENTAR
PILSEN: a cerveja mais tradicional, por onde todo mundo começa no mundo cervejeiro. Ideal para tomar quando bater a saudade de um boteco com os amigos. Vai bem com amendoim ou batata frita.
WITBIER: cerveja de trigo, fermentada com casca de laranja e coentro, muito refrescante. Harmonize com frutos do mar, em dias quentes na beira da piscina.
AMERICAN PALE ALE: tem aromas cítricos, lúpulos americanos e um leve dulçor. Nossa dica é comprar para acompanhar um hambúrguer.
INDIAN PALE ALE (IPA): de lúpulo inglês, com sabor bem amargo e aroma frutado. Seu percentual alcoólico varia entre 5,5% e 7,5%. Vai bem com uma churrascada e uma boa rede para relaxar.
STOUT: é uma explosão de aromas e de sabores de café. Deguste com chocolate, no inverno, ao lado da lareira.
PORTER: estilo mais consumido pelos irlandeses. Sua cor escura vem da torra acentuada do malte. Ideal para dias frios.
COMO HARMONIZAR
POR CONTRASTE: É quando colocamos sabores em oposição. Podemos servir um brownie de chocolate com uma cerveja de estilo stout, que tem sabor de café, por exemplo. Essa combinação quebra o amargor da bebida que, consequentemente, também quebra o dulçor da sobremesa.
POR SEMELHANÇA: Ocorre ao encontrarmos elementos sensoriais que se assemelham tanto na bebida quanto na comida. É o caso de uma salada com peixe e molho de laranja servida com uma cerveja witbier, que leva a casca da fruta em sua composição.
POR POTÊNCIA: É quando degustamos uma cerveja altamente alcoólica com um prato gorduroso. Nesse caso, poderíamos combinar uma dubbel com cordeiro. O álcool elevado ajuda a limpar as papilas saturadas pela gordura.
5 MITOS SOBRE CERVEJA
PURO MALTE É SINÔNIMO DE QUALIDADE EM UMA CERVEJA
No Brasil, é permitido que uma cerveja tenha até 45% de cereais não maltados em sua composição. Ou seja, pode conter resíduos de milho, arroz, trigo etc. A cerveja puro malte possui apenas água, lúpulo, malte e fermento, mas ter isso no rótulo não é indicativo de qualidade. O importante é a qualidade dos ingredientes e o cuidado no processo de produção.
CHOPE É SEMPRE MELHOR DO QUE CERVEJA EM GARRAFA
A qualidade do chope está ligada à limpeza da chopeira e ao tempo em que o barril está aberto, pois isso influencia no frescor da bebida. São dois produtos diferentes e cada um tem suas qualidades.
TODAS AS CERVEJAS COM LÚPULO SÃO AMARGAS
Tudo depende do estágio em que o lúpulo foi adicionado no processo de produção. A session IPA, por exemplo, tem a substância no aroma, mas é bem refrescante e tem pouco amargor.
CERVEJAS ALES SÃO SEMPRE ESCURAS E LAGERS CLARAS
As cervejas ale fermentam em temperaturas mais altas, têm aromas e sabores complexos. As lagers são fermentadas em temperaturas amenas, originando bebidas mais leves. Porém, a coloração não tem ligação direta com a levedura. É possível encontrar lagers escuras, como a bock, assim como é possível achar ales claras, como a witbier. Por falar em cores, muita gente também acha que as bebidas escuras são mais fortes e mais alcoólicas do que as claras. Nem sempre é assim!
NÃO DÁ PARA TOMAR CERVEJA NO FRIO
Existe uma variedade de estilos de cervejas tão grande, que há opções ideais para serem consumidas no inverno. Um exemplo é a stout, que é mais encorpada e com notas torradas que lembram café e chocolate.
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