Série independente inspirada em filmes de ação como Indiana Jones, Ladrões de Relíquias teve três episódios gravados em diferentes lugares de Porto Alegre, como a Pinacoteca Aldo Locatelli, no Centro Histórico, e o Bar El Aguante, no bairro Rio Branco. As filmagens iniciaram no dia 1° de abril e terminaram nessa quarta-feira (10). Além de uma equipe de atores locais, a produção contou com participação do ator carioca Bruno Gissoni, que veio gravar na Capital.
Dirigida por Allan Riggs, a produção conta a história de uma dupla de ladrões de antiguidades: Kevin, vivido pelo próprio Riggs, e Lúcio, interpretado por Cássio Nascimento. Eles partem em uma aventura em busca de preciosidades para surrupiar, como uma peça rara e amaldiçoada que teria pertencido a uma filha de Pedro Álvares Cabral — um parentesco fictício. O primeiro episódio ganhou seis prêmios no Rio Webfest 2023, sendo reconhecido nas categorias melhor ator, melhor elenco, melhor direção, melhor edição, melhor figurino e melhor série brasileira.
Interpretando Javier, um espanhol que surge no quarto episódio com a finalidade de ajudar os ladrões a efetuarem um roubo importante, Bruno Gissoni gravou cenas no El Aguante e na Pinacoteca Aldo Locatelli, acervo situado no subsolo do Paço Municipal, entre segunda (8) e terça-feira (9). As locações serviram de cenário para o momento na história em que Kevin e Lúcio chegam à cidade do Panamá, na América Central, a fim de capturar uma joia.
Aos 37 anos e com produções da Globo no currículo, como Malhação, em 2010, e as novelas Avenida Brasil, em 2012, e Flor do Caribe, em 2013, além de uma dezena de filmes brasileiros, Gissoni tem apreço por participar de produções audiovisuais independentes por causa da liberdade criativa.
— Achei a produção da série incrível e a fotografia, linda. Gosto de projetos mais artesanais, eles dão mais liberdade. Além do mais, aqui no Sul a galera do audiovisual experimenta novos formatos, talvez porque vocês estão situados longe dos grandes centros — disse, logo após encerrar uma cena com direito à luta corporal, na noite de terça, na Pinacoteca Aldo Locatelli.
Caminho de referências
Nascido nos Estados Unidos e vivendo em Porto Alegre desde criança, Allan Riggs, 24, equilibra as funções de dirigir Ladrões de Relíquias e também a de ator principal, desafio que diz conseguir por causa do apoio de uma equipe empenhada. Ele já lançou 10 curtas-metragens, duas séries e gravou o primeiro longa em 2021, todos rodados por aqui.
— Sou nascido em 1999, mas cresci assistindo às franquias de ação dos anos 1980 e 1990, como Indiana Jones e Star Wars. Queria criar um projeto inspirado nisso. As locações de Ladrões de Relíquias tentam trazer o sentimento de aventura dos filmes de antigamente. Mas também queria dar uma "vibe" internacional, gravando em lugares que permitem que uma pessoa de outro canto do mundo consiga perceber que é a América Latina.
A série tem cinco atores no elenco e participações especiais na atuação, como a de Gissoni, além de 15 profissionais na produção. Fora de Porto Alegre, foram usadas locações com cenário mais rústico, como a Cerâmica Cherubini, em Gravataí, onde foi filmada uma cena de perseguição com jipes. Com um orçamento total de R$ 80 mil, é um projeto tido como corajoso por conseguir manter qualidade mesmo dispondo de recursos escassos.
— Fazer uma série com esse dinheiro é um milagre — ressalta Gissoni.
Com uma participação que eleva o status de Ladrões de Relíquia, o carioca diz que gosta tanto das produções artesanais quanto de projetos audiovisuais mais ambiciosos.
— Cinema pode ser feito de qualquer forma, e surfar nesses caminhos é muito interessante. O ator vai se credenciando nesse processo.
Para conferir a história dos caçadores de relíquias, somente quando Riggs conseguir vendê-la para algum canal ou plataforma de streaming.
— A série tem ganhado proporção legal. Pensamos em tentar vendê-la como produto, jogar para o mundo e ver se a gente consegue alguém que queira comprar — diz.