Com seu jeitão gaudério, Itamar Charlie roubou a cena na primeira temporada de Largados e Pelados Brasil, exibida entre novembro e dezembro de 2021. Quase dois anos depois, o reality show do Discovery+ está prestes a ganhar uma segunda temporada, enquanto o gaúcho de Bagé colhe os frutos de sua participação: está dando cursos de sobrevivência pelo Estado e planeja, para o ano que vem, lançar um desafio na Praia do Cassino.
Em entrevista a GZH, o militar da reserva de 48 anos confessa que inicialmente tinha receio da repercussão do programa.
— Eu tinha um temor de ser tratado como o "gaúcho pelado" — explica. — Mas não, o público me reconhece, o público respeita. Quando eu saio às ruas, as pessoas saem das lojas e gritam.
Itamar se orgulha de ter conseguido cumprir o desafio até o final. Ele teve de sobreviver 21 dias na savana intertropical colombiana, sem comida à disposição, sem água, sem abrigo e, é claro, sem roupas. Mas a maior dificuldade para ele não foram as intempéries e, sim, a relação com os colegas:
— O gaúcho, ele tem o seu método, ele tem seu sistema, e na selva, tudo funciona, mas nas relações pessoais é bem diferente — recorda Itamar, que acredita ter sido "mal interpretado". — Eu forçava as pessoas a não desistir, eu incentivava a continuar, eu me colocava à disposição para ajudar, para que outros continuassem e não desistissem. Era diferente dos outros participantes, que cada um estava focado na sua relação pessoal. Mas o bom de tudo isso é que o público gostou, viu que foi legal e que o gaúcho se deu bem!
Hoje, Itamar faz parte da Escola de Sobrevivência Força Sempre, com a qual tem viajado o Estado ministrando cursos e dando palestras sobre suas experiências. Voltadas para pessoas sem conhecimento prévio, as aulas ensinam estratégias de sobrevivência como obtenção de água, primeiros socorros, construção de abrigos e técnicas de nós.
— No Largados e Pelados, a gente não tem nada — ressalta ele. — Hoje eu valorizo um copo de água, valorizo uma cadeira onde eu sento, valorizo o chinelo que eu uso. E eu tento transmitir para as pessoas: quando a gente não tem nada, um (unidade) é infinitamente maior do que qualquer coisa que está faltando.
Um dos projetos de Itamar, junto com a escola, é lançar um desafio na Praia do Cassino, no Litoral Sul, voltado para sobrevivencialistas mais experientes.
— Seria um desafio de resistência, de ir do Cassino ao Chuí em modo sobrevivência, somente com uma bermuda, uma camiseta, uma garrafa de água e uma lâmina pequena para a obtenção de alimento na orla marítima — explica ele.
Ainda não há previsão para que o projeto saia do papel, mas a ideia é que seja entre 2024 e 2025:
— Vai ser o auge do nosso Estado: os nossos sobrevivencialistas na maior praia do mundo. Coisa de gaúcho!
*Produção: Mariana Barcellos