Figura marcante na teledramaturgia brasileira, Aracy Balabanian morreu nesta segunda-feira (7), aos 83 anos. Ela estava internada na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, segundo apurado pelo jornal O Globo.
Foram mais de 60 anos de carreira dedicados à TV, ao teatro e ao cinema. A primeira protagonista de Aracy foi na novela Antônio Maria (1968). Entre os folhetins em que ela atuou estão títulos como O Casarão (1976), Coração Alado (1980), Elas por Elas (1982) e Locomotivas (1986), além do programa infantil Vila Sésamo (1972), todos exibidos pela Globo.
Contudo, foi por seus inesquecíveis papéis em Sai de Baixo, Rainha da Sucata e A Próxima Vítima que Aracy Balabanian ficou eternizada na memória dos espectadores brasileiros. Abaixo, GZH relembra os personagens mais marcante da atriz.
Cassandra, de "Sai de Baixo"
É impossível pensar em Aracy Balabanian e não pensar em Cassandra, interpretada pela atriz no icônico humorístico Sai de Baixo. A personagem foi tão marcante para os brasileiros que, quase 20 anos após o fim do programa, ela ainda era chamada de Cassandra pelas pessoas nas ruas, conforme contou em entrevista concedida ao É de Casa em 2021.
— Eles falam como se tivessem visto o programa ontem — divertiu-se Aracy na ocasião.
E realmente não tinha como esquecer de Cassandra. A perua falida era uma das personagens mais engraçadas do Sai de Baixo. Ela vivia protagonizando arranca-rabos com o genro Caco Antibes, personagem de Miguel Falabella.
Caco, outro personagem inesquecível de Sai de Baixo, nunca perdia a oportunidade de criticar o comportamento devasso da sogra, o que rendia frases e apelidos hilários. "Eu sei que você em uma noite foi chamada de pizza gigante, porque deu para oito", disse ele em um dos diálogos.
O que também deixava Cassandra muito engraçada era o improviso de Aracy, bem como a reação dela aos improvisos dos colegas. A atriz simplesmente não conseguia segurar a risada, o que acabava por despertar ainda mais o riso do público.
Aracy chegou a pedir para deixar o Sai de Baixo por conta de suas crises de riso, como contou em 2022 no programa Conversa com Bial.
— No Sai de Baixo, eu sofri horrores, porque tinha uma coisa que meu pai me corrigia muito: eu ia contar uma coisa e ria ou chorava antes de concluir. Eu pedi para o Daniel Filho para sair da série — revelou ela.
A atriz também contou qual foi a resposta que teve do então diretor:
—"Ria! Se você está com vontade de rir, ria".
E foi isso que ela fez, para o deleite do público. Um dos episódios que melhor exemplificam isso é o que Cassandra interpreta a Rainha do Cangaço, personagem de um filme que está sendo montado por Caco e Vavá (Luis Gustavo). Aracy não consegue segurar o riso e tenta, repetidas vezes, fazer com que a cena dê certo, tornando tudo muito mais engraçado.
Dona Armênia, de "Rainha da Sucata" e "Deus nos Acuda"
Antes de brilhar como Cassandra, Aracy Balabanian já havia imortalizado sua Dona Armênia na memória dos espectadores brasileiros. A personagem apareceu pela primeira vez em Rainha na Sucata e, devido ao sucesso, retornou em Deus nos Acuda.
Imigrante armênia, a personagem era marcante pelo português recheado de sotaque e por inverter o gênero das palavras na maioria de suas falas na novela. Um bom exemplo é o bordão "na chon", que significava "no chão", usado pela personagem para dizer onde desejava ver aqueles que cruzavam seu caminho ou o de seus filhos. Para compor o sotaque, Aracy se inspirava nos próprios pais, que são armênios.
Outro ponto forte de Dona Armênia era a relação superprotetora que tinha com os filhos Geraldo (Marcello Novaes), Gerson (Gerson Brenner) e Gino (Jandir Ferrari), que ela chamava de "filhinhas" e tratava como se fossem seus eternos bebês.
Para muitos noveleiros, Dona Armênia é a personagem mais icônica de Rainha da Sucata e, sem dúvidas, é uma das mais marcantes da carreira de Aracy.
Filomena, de "A Próxima Vítima"
Exemplificando a versatilidade de Aracy Balabanian está Filomena, de A Próxima Vítima. Vilã durona e autoritária que também figura na galeria de personagens mais marcantes da atriz. Era era a líder da família Ferreto, proprietária de um frigorífico na zona este de São Paulo.
A personagem era capaz de todas as vilanias possíveis e imagináveis para se manter no poder. Filomena, inclusive, chegou a encomendar a morte de personagens e foi uma peça-chave para o desfecho da trama de suspense de A Próxima Vítima.
A performance de Aracy trouxe complexidade à personagem, que ficou conhecida por chamar os outros de "inútil". O papel rendeu a Aracy o Grande Prêmio dos Críticos e o Troféu Imprensa de Melhor Atriz.