O último episódio do Linha Direta desta temporada, intitulado Chat line, vai ao ar nesta quinta-feira (6). O caso retratado pelo programa ocorreu em 2006 e permanece impune até hoje, enquanto a família da vítima aguarda por justiça. Inclusive, começou a ser gravado pelo Linha Direta naquele ano, mas não foi concluído.
Há 17 anos não era tão comum marcar encontros amorosos por salas de bate-papo online. Mas foi assim que Ricardo Luís Antunes da Silva e Anelize Matteoci Loperlogo se conheceram. Ela tinha 24 anos na época e era formada em Direito e estudante de Letras. Morava em São Carlos, no interior de São Paulo, com a mãe, a oficial de justiça aposentada Maria Elizabeth Matteoci. Ricardo era um motorista de 32 anos.
Na madrugada de 4 de abril de 2006, ele foi sequestrado e levado até um canavial na área rural de São Carlos. Agredido fisicamente por três homens, o homem foi queimado, atropelado e deixado no local com muitos ferimentos pelos agressores. Conseguiu caminhar até a casa de um proprietário rural para pedir socorro. Apareceu nu, com queimaduras e marcas de violência pelo corpo na casa de Dagoberto Rossito, que o acolheu e o levou para a delegacia. Foi encaminhado às pressas para um hospital. Ricardo conseguiu informar que tinha sido sequestrado e agredido antes de desmaiar de dor.
A investigação para desvendar o que aconteceu naquela noite começou quando Ricardo já estava inconsciente. Ricardo morreu 42 dias depois de ser internado em estado grave. A primeira descoberta da polícia foi a de que ele foi a São Carlos se encontrar com uma jovem que tinha conhecido meses antes pela internet.
Para a polícia, Anelize contou diferentes versões. Alegou que teria sido mantida em cárcere privado e violentada por Ricardo, mas as informações eram inconsistentes. Depois, disse que teria contratado Daniel, um amigo da mãe, para dar um "susto" em Ricardo e recuperar suas joias.
Mas não se tratava apenas de um susto, e sim um assassinato encomendado por mãe e filha. Anelize e Elizabeth contrataram Daniel, Leandro e André para matar Ricardo. Os depoimentos dos três homens foram decisivos para o desfecho da investigação. Os três executores do homicídio de Ricardo foram levados a julgamento e condenados pelo júri popular. Eles já cumpriram a pena. Já Elizabeth e Anelize Matteoci foram denunciadas pelo Ministério Público de São Paulo, mas não foram levadas a julgamento. As duas estão foragidas há 17 anos e ainda não foram julgadas pelo assassinato de Ricardo Antunes da Silva.
Enquanto elas estiverem foragidas, o processo judicial continua suspenso, sem julgamento marcado. O Linha Direta pede a ajuda do público para obter informações que ajudem na localização e captura de Maria Elizabeth e Anelize Matteoci. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 181.