A mais nova série da HBO, The Idol, lançada no domingo (4), está dando o que falar. Mesmo com apenas um episódio disponível para o público até o momento, a produção já vinha atraindo a curiosidade dos telespectadores antes mesmo da estreia por conta da narrativa que envolve fama, sexo e drogas, além das polêmicas dos bastidores que repercutiram nos últimos meses.
Dirigida por Sam Levinson, o mesmo roteirista de Euphoria, e estrelada por The Weeknd, que também é produtor da série, e Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp, a produção teve dois episódios exibidos no Festival de Cannes, os quais foram detonados na opinião da crítica especializada. As controvérsias, entretanto, não ficaram apenas nos comentários do público e da imprensa, uma vez que começaram desde a divulgação do enredo e aumentaram com as denúncias de bastidores.
A história da trama é centrada no submundo da fama, no qual Jocelyn, uma jovem cantora pop, protagonizada por Lily-Rose, está disposta a tudo para retornar ao topo do estrelato. Após sofrer um colapso nervoso em sua última turnê, ela conhece Tesdros, interpretado por The Weeknd, um dono de uma boate que se torna seu agente.
Entenda as principais polêmicas de The Idol
Mudança de direção e saída de membros da produção
Inicialmente, The Idol contaria com a direção de Amy Seimetz, conhecida pelo longa Ela Morre Amanhã (2020). No entanto, com a série quase toda gravada, a profissional se demitiu. Poucas explicações foram dadas sobre a mudança. Declarações de The Weeknd na ocasião apontavam que, segundo ele, a série estaria caminhando para uma "perspectiva unilateral", a qual ele classificou como "feminina", o que indica possíveis divergências existentes entre o músico e a então diretora. Com a saída repentina de Amy, o diretor Sam Levinson assumiu o posto, realizando mudanças bruscas no roteiro.
No início do ano, a revista norte-americana Rolling Stone fez uma série de denúncias contra a produção. Fontes anônimas envolvidas no projeto contaram à publicação que, desde a entrada de Sam Levinson, os bastidores teriam se tornado um "caos", com demissões constantes, rombos orçamentários e roteiros perturbantes, uma vez que teriam sido incluídas cenas explícitas de violência e sexo. As fontes alegavam uma "romantização" da tortura e do estupro no enredo.
Reação à Rolling Stone
Após a divulgação das denúncias, a HBO emitiu um comunicado afirmando que a "equipe criativa do programa estava comprometida em criar um ambiente de trabalho seguro, colaborativo e mutuamente respeitoso e, no ano passado, a equipe fez mudanças criativas, de elenco e equipe que consideravam do interesse da produção e do público".
The Weeknd também se manifestou. O cantor utilizou o seu perfil no Twitter para publicar uma cena de The Idol, na qual a personagem de Lily-Rose recusa uma capa da revista Rolling Stone. Na publicação, ele debochou: "Rolling Stone, nós te chateamos?".
Orçamento
As reformulações nos roteiros e nas filmagens levaram a um gasto de U$ 75 milhões de dólares a mais no orçamento da série. A ideia inicial era que a produção tivesse baixos custos e um orçamento de US$ 54 milhões para a primeiro ano, metade do planejado para a terceira temporada de Euphoria.
Crítica em Cannes
No mês passado, a exibição dos dois primeiros episódios da série no Festival de Cannes não teve uma recepção bem-sucedida. A crítica especializada internacional detonou a obra, citando o ponto de vista masculino adotado e as cenas de sexo explícito. De acordo com o portal The Hollywood Reporter (THR), a exibição foi seguida por cinco minutos de aplausos da plateia, o que seria a média para o festival. Levinson teria segurado as lágrimas durante o discurso de agradecimento e se disse orgulhoso do trabalho.
Peter Debruge, da revista Variety, definiu a série como uma "fantasia masculina sórdida", "que perpetua o mito de que popstars são fantoches corporativos sem nenhuma agência sobre a própria imagem."
Kyle Buchanan, do jornal The New York Times, tuitou: "The Idol ou 50 Tons de Tesfaye. Uma odisseia pela homepage do Pornhub, estrelada pelas aréolas de Lily-Rose Depp e pelo rabinho sujo de The Weeknd. Amo que essa série vai ajudar a lançar a reformulação da HBO Max, deve se encaixar perfeitamente ao lado de Em Busca da Casa Perfeita!"
Lovia Gyarkye, do THR, questionou a tentativa de se vender a série como controversa. "Esta série é mais regressiva do que transgressiva. Sempre acho meio suspeito quando produções tentam se vender como ousadas. O que elas estão tentando provar? Este esforço óbvio para fazer The Idol parecer controverso teve um final irônico. (...) A série, inicialmente vendida como uma exploração do lado perturbador de Hollywood e da indústria da música, tornou-se aquilo que pretendia satirizar. Ao invés de criticar sutilmente o lado exploratório e misógino da indústria, The Idol se tornou uma história de amor perturbada — o tipo de coisa com o qual um cara tóxico sonha."
Opinião do público
Logo após a estreia, na noite da domingo, o público se dividiu. No Rotten Tomatoes, a série tinha 56% de aprovação na manhã desta segunda-feira (5) — um valor considerável, comparando com os 26% após a exibição no Festival de Cannes.
Nas redes sociais, alguns espectadores concordaram com as críticas sobre a hiperssexualização da protagonista, acrescentando que o roteiro é raso. Outros pontos criticados pelo público foram a atuação de The Weeknd e as aparições-relâmpago das personagens de Alexa Demie e Jennie Kim, que haviam sido antecipadas como participações maiores.
Por outro lado, parte dos espectadores não achou "tudo isso" esses problemas. Alguns elogiaram a fotografia da série, que tem semelhanças com as de Euphoria. As referências do roteiro à cultura pop, em especial à história de Britney Spears, também foram bem-vistas.