Bárbara Sut apareceu pela primeira vez na telinha em 2020, como Dionice, em Salve-se Quem Puder. Mas é só agora, em Amor Perfeito, que ela ganha mais destaque na pele de Sônia, uma jovem que esconde segredos do passado. Nos capítulos mais recentes da novela, Sônia revelou ao namorado Júlio (Daniel Rangel) que se envolveu com um homem casado e engravidou, mas a criança nasceu morta. Se isso será uma pá de cal no romance, só o futuro dirá. Em entrevista a Retratos da Fama, a atriz conta um pouco sobre a preparação para a personagem e dá pistas do que vem por aí.
Depois de viver Dionice em Salve-se Quem Puder, você está no ar como Sônia, uma personagem de época. Como foi essa transição?
Eu tive uma série de outros trabalhos entre essas duas personagens, como por exemplo, a Márcia de A Sogra que Te Pariu (série da Netflix), que é bem contemporânea, como a Dionice; e Carmem Costa e Alaíde Costa no musical Vozes Negras - A Força do Canto Feminino, que estão localizadas em épocas diferentes. Para viver Carmem Costa, eu precisei estudar bastante o contexto musical dos anos 1940, já que ela era uma cantora do rádio que fez muito sucesso nessa década. Mas quando deparo com a Sônia, é preciso rever essa época com outro olhar, porque ela está super distante desse contexto de glamour do rádio e das grandes cidades. Ela vive em uma cidade no interior de Minas Gerais, não é uma estrela e nem se porta como uma. Enfim, acho que cada personagem sempre nos exige começar do zero e entender aquele universo em que ele está localizado e ir criando e descobrindo possibilidades dentro disso. Pra mim, essa constante busca é uma maravilha da minha profissão.
O que você tem em comum com a Sônia?
Eu acho que a Sônia é uma personagem muito resiliente e me identifico com ela nesse ponto. Tenho tentado deixá-la solar, apesar de toda a violência que sofreu e com a qual ainda tem de conviver de alguma forma. A relação dela com a mãe, Aparecida, vivida pela Isabel Fillardis, me emociona porque tenho uma relação de cumplicidade e admiração parecida com a minha mãe. Sinto que ter essa estrutura familiar, essa referência forte que dê apoio emocional, é muito importante.
Sônia vive em uma época em que as mulheres não tinham voz. Você chegou a estudar sobre isso para compor a personagem?
Eu estudo gênero e raça há algum tempo como um interesse pessoal. Mas esse projeto tem uma abordagem muito interessante sobre esses temas. É evidente que caminhamos muito e demos importantes passos em direção à emancipação das mulheres e maior igualdade entre raças na sociedade, mas ainda há muito o que fazer e as diversas notícias veiculadas diariamente sobre casos de feminicídio e racismo são lembretes desse caminho que ainda temos de percorrer. Nesse sentido, a novela se propõe a mostrar, em um contexto distanciado (os anos 1940), situações que ainda são corriqueiras na nossa sociedade atual e isso convida o público a refletir sobre elas também em seus cotidianos para além das telas. Tem sido muito interessante debater nesse jogo entre décadas e a reação do público ao que apresentamos tem sido bastante calorosa.
Sua personagem guarda um segredo do passado – o envolvimento com um homem casado e a gravidez. Como isso pode impactar a relação de Sônia com Júlio?
Acho que, desde o início, isso impacta a relação dos dois, porque são dores que a Sônia carrega e que atravessam a forma como ela se relaciona com o outro até hoje. Uma certa dificuldade de impor limites, enfim, ela tem um desejo muito grande de ser amada. Mas objetivamente, a relação dos dois foi construída desde o início com diálogo e honestidade, então, quando ele souber que ela guarda um segredo, não sei como ele poderia reagir, ainda mais pensando que ele acabou de se decepcionar com a mãe justamente por esconder um segredo dele. Eu espero que eles encontrem formas de superar isso juntos e que ele tenha empatia com ela.
Pode adiantar um pouco dos próximos capítulos?
Muitas reviravoltas. Eu acho incrível como os autores estão conseguindo criar essa narrativa explosiva, que mantém um ritmo muito interessante, com várias viradas para os personagens. Eu não canso de me surpreender lendo os textos e acho que o público também vai ter essa sensação. A Sônia está amadurecendo a cada capitulo e passará por alguns eventos que vão colaborar para que ela desabroche.