No ar há poucas semanas, Mar do Sertão preencheu os finais de tarde com um delicioso sotaque nordestino, belas paisagens – a novela das seis teve cenas gravadas em Alagoas e Pernambuco – e personagens carismáticos. Até mesmo os vilões são encantadores, e Deodora, interpretada por Debora Bloch, chegou com a missão de arrancar risadas e despertar a antipatia do público. Tudo isso, muitas vezes, na mesma sequência.
Versátil, a atriz aposentou os cadernos da professora Lúcia, que viveu na série Segunda Chamada, carregou no sotaque, na maquiagem e nos adornos dourados para aparecer na trama das seis. Deodora é forte, mas submissa ao marido, um típico coronel do Sertão. Enquanto Tertúlio (José de Abreu) mede forças com o prefeito de Canta Pedra, Sabá Bodó (Welder Rodrigues), a perua só quer saber de compartilhar selfies com seus seguidores nas redes sociais, isso quando não está mimando o filho, Tertulinho (Renato Góes). Debora reconhece que sentimentos como empatia e generosidade passam longe de sua personagem:
– Não é uma pessoa muito legal, o coração dela é dinheiro e poder. Vive para o marido e o filho e não é nada empática com os mais pobres.
Mario Teixeira, autor da novela, adianta que há mais nuanças da vilã que devem vir à tona nos próximos capítulos:
– É uma personagem dúbia, que se revelará no decorrer da trama.
Embates com a nora
A futilidade de Deodora é o extremo oposto da simplicidade de Candoca (Isadora Cruz). Os embates da mocinha com a sogra estão apenas começando. Debora destaca que interpreta uma mulher com valores à moda antiga, que nunca se preocupou em viver às custas do marido:
– Ela é zero feminista. Faz parte da elite brasileira e tem os valores bem questionáveis, é muito manipuladora. É quem manda em tudo naquela fazenda.
Deodora manda na casa e na família, por outro lado, sabe que é o marido quem governa a cidade. O que não a impede de dar seus pitacos, principalmente no que diz respeito à forma como Tertúlio lida com os empregados. Para ela, as pessoas menos favorecidas socialmente devem se submeter aos desmandos daqueles que têm posses:
– A Deodora é mulher prepotente, muito apegada ao dinheiro e à riqueza da família. Ela é também bastante equivocada e acha que as pessoas com menos dinheiro são menos importantes.
Retorno
Afastada das novelas há sete anos, mas emendando vários outros trabalhos na TV, como as séries Justiça (2016), Onde Nascem os Fortes (2018) e Segunda Chamada (2019 – 2021), Debora celebra seu retorno ao bom e velho folhetim.
– A volta foi algo natural. Antes, eu estava sendo convidada para trabalhos muito importantes, mas eram séries, e eu fui emendando – explica.
Fazer uma vilã e estar presente em uma trama regionalista são alguns dos motivos para a atriz estar rindo à toa com o novo trabalho.
– (A novela) Tem uma brasilidade muito gostosa. Não é à toa que Pantanal está fazendo sucesso. O Brasil gosta de ver o país bonito, legal – finaliza Debora.