No estranho universo de Stranger Things, há um resquício de vida real. A série de sucesso da Netflix chama atenção por exibir seres fantásticos de outra dimensão e com superpoderes. Porém, Eddie Munson (Joseph Quinn) e o Hellfire Club, apresentados na quarta temporada da produção, estão ligados a fatos reais.
Na obra assinada por Matt e Ross Duffer, Eddie é um jovem fã de rock e fundador do Hellfire Club, grupo de RPG do colégio de Hawkins, onde estudam os protagonistas Lucas (Caleb McLaughlin), Mike (Finn Wolfhard), Will (Noah Schnapp), Dustin (Gaten Matarazzo), Eleven (Millie Bobby Brown) e Max (Sadie Sink).
Eddie Munson foi vagamente inspirado em Damien Echols, escritor e artista que é um dos personagens do longa O Paraíso Perdido: Assassinatos de Crianças em Robin Hood Hill, um documentário lançado em 1996. A referência foi compartilhada pelo perfil Netflix Geeked, uma das contas oficiais do serviço de streaming no Twitter.
Em 1993, três meninos de oito anos foram encontrados mortos em um riacho raso em West Memphis, no Estado do Arkansas, nos Estados Unidos. Damien Echols, Jessie Misskelley Jr. e Jason Baldwin, que faziam parte do Gryphons & Gargoyles, grupo de RPG da cidade, foram acusados de terem cometido os crimes como prática de satanismo.
Mesmo com álibis sólidos e sem provas concretas, os adolescentes foram levados a julgamento e considerados culpados. Na época, diversas celebridades — entre elas o ator Johnny Depp, o músico Eddie Vedder e o diretor Peter Jackson — protestaram contra a decisão da Justiça.
Echols foi condenado à pena de morte, enquanto os outros dois foram sentenciados à prisão perpétua. Em 2010, a investigação foi reaberta e refizeram exames de DNA, com equipamentos novos e modernos. O resultado apontou a inocência dos três. Echols escreveu o livro Vida Após a Morte (2012), contando toda sua história de vida, da infância até a experiência no corredor da morte. Ele lançou mais três obras desde então.