Um cenário de tirar o fôlego vai virar o quintal de 24 brasileiros a partir desta terça (3), com a estreia da nova temporada de No Limite na RBS TV, às 22h35min, após a novela Pantanal — mas a rotina está longe de ser só sombra e água fresca. O grupo se reúne com o objetivo em comum de levar para casa o prêmio de R$ 500 mil da atração, que não será conquistado por nenhum deles sem que antes precise conviver com calor e sol extremos, chuva a qualquer hora do dia, noites ao relento, animais à espreita, pouca comida, nenhum conforto e, é claro, com os outros.
O reality de sobrevivência chega a 2022 com a promessa de trazer de volta o formato que fisgou o público brasileiro no início dos anos 2000, quando sua primeira temporada estreou na televisão. Isso porque, diferentemente da última edição, que teve elenco formado apenas por ex-BBBs, agora a atração retoma sua fórmula de sucesso: colocar um grupo de anônimos que não se conhecem, vindos das mais diferentes regiões do país, com culturas e personalidades completamente distintas, para conviver e sobreviver em um ambiente inóspito, competindo por um prêmio em dinheiro.
Quem assume a missão de pôr ordem na turma e transmitir ao público o clima no local é o apresentador Fernando Fernandes, a grande novidade da temporada. Atleta profissional de paracanoagem e tetracampeão mundial da modalidade, Fernando tem tudo a ver com a proposta do reality — e de reality ele entende, afinal, foi participante do Big Brother Brasil 2.
— Acho que minha vida foi forjada para estar aqui, minha vida está no limite o tempo inteiro. Eu vivo em um lugar onde também é praia, onde a natureza é selvagem, onde tem areia, e eu tenho que criar as minhas formas de viver. Eu sou um cadeirante. Então, se eu não estiver bem fisicamente o tempo inteiro, eu não consigo sobreviver — reflete Fernando. — Sempre fui fã do programa, sempre quis participar, só não imaginava que seria como apresentador. Mas, para quem pensa que apresentador tem moleza por aqui, não tem — revela.
E moleza é o que ninguém deve ter por lá. Divididos em duas tribos, Sol e Lua, somente com uma mochila nas costas, os participantes enfrentarão duas provas a cada episódio. As disputas prometem um nível de dificuldade maior neste ano, explorando resistência física, força, estratégia, inteligência, capacidade de trabalhar em equipe e, como não poderia faltar, a coragem — ou não — dos participantes para comer iguarias como olhos de cabra e insetos.
Na primeira das provas, as tribos têm a possibilidade de conquistar privilégios para a sobrevivência (sacos de dormir, iniciador de fogo e lonas, entre outros). Na outra, está em jogo o item mais importante para sobreviver no reality: a imunidade. Quem vencer a disputa poderá voltar para o acampamento, enquanto a equipe perdedora vai direto ao portal de eliminação, onde deverá votar entre si para que um membro deixe a competição.
Para deixar tudo ainda mais à flor da pele, serão duas maratonas de provas na semana e, consequentemente, duas eliminações — outra novidade desta edição, que terá dois dias de exibição, nas terças e quintas, sempre depois de Pantanal. Nos domingos, após o Fantástico, os dois eliminados da semana se encontram ao vivo no programa A Eliminação. A mediadora do bate-papo — ou da lavação de roupa suja — será Ana Clara.
— Vai ser uma coisa quente, e acho que as pessoas vão gostar muito. O formato está muito legal e engraçado, com vários quadros, com as tretas que o povo gosta — adianta a apresentadora e ex-BBB.
Diversidade
Mas apesar da dinâmica ainda mais intensa, a grande protagonista deve continuar sendo a relação entre as pessoas. O reality tem tudo para levar ao limite as dificuldades de convivência entre os participantes, submetidos coletivamente a situações extremas que acentuam as diferenças culturais e de personalidade entre eles.
Nesse sentido, o elenco foi escolhido a dedo pela produção do programa. Além de incluir competidores de todos os cantos do país — entre eles, a gaúcha Verônica Kreitchmann, natural de Porto Alegre —, a diversidade deve ser a marca registrada desta temporada. Há participantes de diferentes idades, raças, origens, credos e orientações sexuais. Em comum, todos têm a vontade de deixar o reality com o status de campeão.
— Nosso programa é diferenciado: precisa de gente que tenha fogo nos olhos e faca nos dentes, porque não é qualquer um que aguenta isso aqui. Temos gente de todo o Brasil, com todos os corpos, gente realmente diversa. E o principal é que todo mundo quer vencer de verdade, não tem ninguém fazendo corpo mole — conta a diretora-geral do programa, Angelica Campos.
— Já estou na minha terceira edição de No Limite e nunca vi uma galera com tanta garra — completa LP Simonetti, diretor artístico.
Outra marca deve ser a presença de Fernando Fernandes à frente da atração. Ainda que a representatividade não seja o objetivo central, Fernando é uma pessoa com deficiência apresentando um dos mais importantes programas da TV aberta.
Ele tem claros os motivos que o fizeram chegar a este lugar e a relevância que sua conquista tem para a comunidade à qual pertence. Por isso que, além de entreter, o reality vai cumprir outra função importante.
— Se estou aqui, a cadeira de rodas não é a razão. Conquistei pelos méritos do atleta que eu sou, da pessoa que eu sou, da forma como tenho me comunicado e como tenho lidado com a cadeira de rodas, com o fato de ter me tornado uma pessoa com deficiência. Mas a partir do momento em que um cadeirante assume a posição de apresentador, acho que é também o momento de falarmos de um assunto que muitas vezes é esquecido e marginalizado — destaca o apresentador.