Um sucesso retorna à televisão no final de março: é a novela Pantanal, que ganha uma nova versão, agora na tela da Globo. Originalmente exibida nos anos 1990 pela TV Manchete, a produção ficou eternizada graças à personagem Juma (interpretada por Cristiana Oliveira na primeira versão), uma mulher que os moradores do Pantanal acreditavam ter o poder de se transformar em onça.
A seguir, GZH separou tudo que você precisa saber sobre a nova novela.
Quando estreia?
Pantanal retorna à televisão no dia 28 de março, segunda-feira, na faixa das 21h da RBS TV.
Quem está por trás das câmeras?
Coube ao neto do criador da versão original de Pantanal, Benedito Ruy Barbosa, assinar a trama do remake. Bruno Luperi chegou a trabalhar ao lado do avô em Velho Chico, no ar em 2016, antes de receber o novo projeto.
— Meu avô me deu a bênção dele, e eu espero estar à altura — afirmou em entrevista ao portal Notícias da TV.
A novela também conta com direção artística de Rogério Gomes, de A Força do Querer e Além do Tempo, e direção geral de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, com direção de gênero de José Luiz Villamarim.
Quem está na frente das câmeras?
Desta vez, quem vai interpretar Juma Marruá é Alanis Guillen, protagonista de Malhação — Toda Forma de Amar (2019).
— Não tenho medo. A Juma vai ter sangue. Ela pulsa! Para mim, ela é o Pantanal, essa natureza viva. Vamos recontar essa história no Brasil de hoje, esse Pantanal de agora, para o brasileiro de hoje. Está sendo uma missão. Estou entregue e muito feliz — declarou em entrevista ao Fantástico.
Após mais de 30 anos desde a estreia de Pantanal, Cristiana Oliveira declarou que passa com prazer o bastão de Juma a Alanis:
— Sempre torci muito por ela. Não sei o porquê, não me pergunte, não conheço o trabalho dela. Teve alguma coisa ali que ligou. Acho ela linda, deslumbrante. É uma menina que tem uma postura na vida, é inteligente. É uma pessoa que você vê que tem conteúdo, a acompanho nas redes sociais e sinto isso nela. E, ao mesmo tempo, tem uma sensibilidade que para construir a Juma tem que ter.
Natural de Santo André, em São Paulo, Alanis estreou na televisão em 2019, como a protagonista de Malhação: Toda Forma de Amar. Na trama, ela interpretou Rita, uma adolescente que descobriu que a filha, que achava que estava morta, tinha na verdade sido dada para adoção.
Conforme Luperi, a escolha de Alanis levou em conta, além da desenvoltura nos testes de elenco, a aparência da atriz. A equipe estava em busca de uma intérprete cujos traços físicos remetessem a uma onça, animal que simboliza a personalidade da personagem.
— Olhei para ela e pensei: é exatamente o que precisamos. Bochecha, nariz, boca, olhar e talento. Ela tinha tudo — disse o autor. — A Juma está ali ao extremo, um "eu rudimentar", no contraste com o "eu urbano" de Jove (par romântico, vivido por Jesuíta Barbosa). Juma vai descobrir no primeiro contato com Jove o que é o amor. E ela vai se encantar por um homem que é feminino em sua essência. E, por isso, ele é a única pessoa que ela deixa chegar perto. É um encontro que vem para trazer aprendizado e transformar, com carinho, atenção e respeito — finalizou.
Em preparação para viver a personagem, Alanis começou a praticar equitação e kung fu, arte marcial que propõe uma ligação do corpo e da mente com arquétipos animais. A atriz revelou também que recorreu a banhos de sol e autobronzeadores, já que Juma vive em uma região de sol intenso.
Já o ator Marcos Palmeira vive o protagonista José Leôncio na segunda fase da novela (na primeira, o papel é de Renato Góes). Em entrevista ao programa Cinejornal, do Canal Brasil, Palmeira revelou entusiasmo com o projeto:
— Eu acho maravilhoso! E poder voltar pelas mãos da Rede Globo, nesse momento, falando do Pantanal, trazendo as questões ambientais tão fortes, que o Benedito (Ruy Barbosa) adora fazer.
Na primeira versão do folhetim, o ator viveu o peão Tadeu e, nesta releitura, ele será responsável pelo personagem interpretado anteriormente por Cláudio Marzo. O elenco ainda inclui os nomes de Juliana Paes, Renato Góes, José Loreto e Dira Paes, entre outros.
Onde foi gravada?
Além das tradicionais gravações nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, Pantanal conta com cenas gravadas in loco no Mato Grosso do Sul, mantendo o espírito da produção de celebrar a natureza local.
Em suas redes sociais, Luperi chegou a comentar os grandes incêndios que atingiram a região em 2020, antes do início das gravações, afirmando que a situação era assombrosa e impossível de ignorar.
— Essa adaptação visa a lançar luz sobre questões e debates sensíveis para a sociedade ao longo da trama, buscando, além do mero entretenimento, propor, quem sabe, uma reflexão importante para o Brasil. — declarou. — Tenho fé que atores, atrizes e músicos não estarão em extinção quando esse dia chegar, mas de nada adiantará tanto talento reunido se não houver Pantanal.
O que foi alterado da novela original?
Segundo a Globo, a nova produção não será idêntica à novela que estreou em 1990 na TV Manchete. Podem ser esperadas tanto mudanças na trama quanto na tecnologia de captação das imagens do Pantanal.
— Na época, (o diretor) Jayme Monjardim fez muito bem a novela, foi ousado, fez um desenho de produção diferente, mesmo com toda dificuldade. Hoje, as câmeras são menores, temos drones, câmeras para dentro d'água, a qualidade de captação é outra, é tudo muito mais moderno que antes. Você consegue captar imagens do Pantanal de maneira diferente daquela época, quando eles não tinham esses recursos — comentou Rogério Gomes.
Leia a sinopse oficial da nova versão de Pantanal, divulgada pela Globo:
Pantanal é uma saga familiar que tem o amor como fio condutor e a natureza como protagonista. No tronco central dessa jornada, repleta de dramas familiares e conflitos, está a história do velho Joventino (Irandhir Santos) e seu filho, José Leôncio (Renato Góes / Marcos Palmeira). A vida como peão de comitiva os levou para o Pantanal, onde Joventino aprendeu a lição mais importante de sua vida: que a natureza pode mais do que o homem.
Ao confiar o seu destino nas mãos da natureza, o peão compreende que na lida — e na vida — nada se conquista através da força, ou no laço, como ele acreditava. Nascia, assim, a lenda do maior peão de toda aquela região. Velho Joventino ficou afamado por trazer os bois selvagens, os ditos marruás, no feitiço. Porém, foi logo após essa compreensão que Joventino desapareceu sem deixar rastros, deixando o filho, José Leôncio, sozinho à espera de seu pai.
Cinco anos depois, em uma viagem ao Rio de Janeiro, José Leôncio se apaixona e casa com Madeleine (Bruna Linzmeyer / Karine Teles). Os dois se mudam para o Pantanal, onde nasce Jove (Jesuíta Barbosa). A passagem de Madeleine pela fazenda, porém, é um caos. Com saudade da vida urbana e da mordomia da mansão de seus pais no Rio de Janeiro, a jovem não se acomoda àquela sina de solidão que é ser mulher de peão. Com o marido sempre em comitivas, ela se vê obrigada a conviver com Filó (Leticia Salles / Dira Paes), funcionária da casa a quem pouco conhece e nada confia. A verdade é que Madeleine não entende bem a relação de Filó com Zé Leôncio, tampouco a relação dele com Tadeu (José Loreto), filho de Filó e afilhado do patrão. O que Madeleine não sabe é que Filó era uma morena de currutela — prostitutas que vivem nas vilas por onde as comitivas passam — com quem José Leôncio se relacionou em uma de suas viagens no passado.
Madeleine foge do Pantanal levando Jove, ainda bebê, de volta para a mansão da família Novaes. O menino cresce longe das vistas do pai, que se viu incapaz de brigar pela guarda do filho. Zé jamais deixou de cumprir suas obrigações legais, enviando fielmente uma quantia excepcional de pensão mensal. Sem se dar conta que onde sobra dinheiro, falta o afeto. Jove cresce acreditando que seu pai havia morrido, enquanto Zé, sem saber da mentira criada pela ex-mulher, não procurava o filho, acreditando ter feito o melhor ao se afastar de vez de Madeleine.
Na ausência de Jove, o fazendeiro encontra em Tadeu um herdeiro, mais do que para as suas terras, para os valores e tradições de sua família. Alguns anos após a partida de Madeleine, Filó diz que Tadeu também é filho de José Leôncio. Apesar da alegria dos três com a revelação — em especial de Tadeu —, a informação é guardada por eles a sete chaves. De forma que, da porta para fora, Tadeu segue apenas como afilhado do patrão, o que lhe dói profundamente.
Duas décadas se passam marcando a mudança de fase na novela. Jove descobre que seu pai está vivo e vai à sua procura. É desse encontro e toda sua enorme expectativa, marcados por uma festança para todo o povo da região da fazenda, que começam os grandes conflitos entre os Leôncio. Embora desejem profundamente viver a relação entre pai e filho, Zé e Jove são confrontados por um abismo de diferenças comportamentais e culturais, inaceitáveis aos olhos um do outro. Não bastassem as diferenças entre eles, o rapaz ainda precisa lidar com o ciúme de Tadeu, que carrega no peito o vazio de não se sentir filho legítimo de José Leôncio. Um bastardo. Amado, mas não reconhecido. Para completar a confusão familiar, em determinado momento todos são surpreendidos com a chegada de um terceiro filho para disputar o amor e a admiração deste pai: José Lucas de Nada (Irandhir Santos) chega à fazenda por obra do destino e descobre ali os laços familiares que nunca teve.
O cenário pantaneiro abriga ainda o encontro entre Jove e Juma Marruá (Alanis Guillen). Filha de Maria Marruá (Juliana Paes) e Gil (Enrique Diaz), a jovem não abre a guarda para ninguém. Apesar da pouca idade, Juma é uma mulher forte, que aprendeu com a mãe a se defender do "bicho homem", a espécie mais perigosa que pode vir a rondar a tapera onde mora. Também pudera. Foi o bicho homem que levou seu pai, sua mãe e cada um de seus irmãos. Forjada pela desconfiança, Juma se torna uma mulher selvagem e arredia. "Não existe quem consiga domar aquela onça" dizem. Porém, as mesmas razões que afastam Jove de José Leôncio o aproximam de Juma. Entre eles, uma linda paixão se inicia. Um amor puro, fruto desse encontro improvável e natural, que marca para sempre o destino de todos. Contudo, não demora para que as diferenças culturais e sociais do casal tornem a relação em muitos níveis complicada e bastante improvável. Para a alegria de uns e lamento de outros.
Em cada detalhe deste conto, há um fator comum: a necessidade de aceitar a natureza como ela é. E o grande porta-voz deste ensinamento é o Velho do Rio (Osmar Prado). Um encantado — uma entidade sobrenatural —, que na maior parte do tempo assume a forma de uma sucuri (a maior de todo o Pantanal), mas que também se apresenta na forma humana. O Velho do Rio é responsável por cuidar não só daquelas terras e dos animais que ali habitam, mas por zelar pelas relações interpessoais que se desenrolam por lá. Para ele, o homem é o único ser que queima as árvores que lhe dão o ar e envenena a água que bebe. Essa e outras lições vão moldando os caminhos dos personagens, ao passo em que vão apresentando soluções e mais mistérios àquele universo. E ele não é o único. Os moradores da região acreditam fielmente que Maria Marruá (Juliana Paes) vira onça, principalmente, quando precisa defender os seus, ou quando fica com "réiva". E não se espantariam se descobrissem que o "dom" teria sido passado a Juma.