A atriz Whoopi Goldberg, 66 anos, foi suspensa por duas semanas do programa que apresenta no canal ABC depois de ser criticada por dizer que o Holocausto "não foi sobre raça". Embora a apresentadora do The View tenha pedido desculpas, a presidente da ABC News, Kim Godwin, afirmou que não era suficiente.
"Com efeito imediato, suspendo Whoopi Goldberg por duas semanas por seus comentários equivocados e ofensivos", afirmou Godwin em um comunicado publicado na conta de relações públicas do canal no Twitter na terça-feira (1º). "Embora Whoopi tenha se desculpado, eu pedi a ela que tire um tempo para refletir e perceber o impacto de seus comentários", completou.
Vencedora do Oscar de atriz coadjuvante por Ghost (1990), a atriz e apresentadora afirmou em uma edição do The View que o Holocausto envolveu "dois grupos de pessoas brancas". "No programa de hoje disse que o Holocausto 'não é uma questão de raça e sim da desumanidade do homem com o homem'. Deveria ter dito que são os dois", escreveu Goldberg no Twitter após a repercussão negativa.
"O povo judeu de todo o mundo sempre contou com meu apoio e isso nunca vai mudar. Lamento o dano que causei", acrescentou.
Depois dos comentários de Goldberg, críticos responderam que a raça foi determinante para o genocídio, já que os nazistas acreditavam que eram uma raça superior. "Não @WhoopiGoldberg, o #Holocausto foi a aniquilação sistemática do povo judeu por parte dos nazistas, que os consideravam uma raça inferior", tuitou Jonathan Greenblatt, diretor da Liga Antidifamação. "Foram desumanizados e usaram essa propaganda racista para justificar o assassinato de seis milhões de judeus. A distorção do Holocausto é perigosa", completou.
Por sua vez, o Museu do Holocausto dos Estados Unidos escreveu no Twitter que "o racismo foi fundamental para a ideologia nazista". "Os judeus não se definiam pela religião e sim pela raça. As crenças racistas nazistas alimentaram o genocídio e o assassinato em massa", declarou essa instituição sem fazer referência aos comentários da atriz.
Os comentários de Goldberg foram feitos durante uma discussão sobre uma escola do Tennessee, nos Estados Unidos, ter proibido que os alunos tivessem acesso à história em quadrinho Maus, que aborda os campos de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial. A HQ, que retrata os judeus como ratos e os nazistas como gatos e ganhou diversos prêmios literários, foi vetada pelo conselho escolar com a justificativa de que a "profanação, nudez e representação de suicídio" na obra eram inadequadas para crianças de 13 anos.
— Estou surpresa que o que os deixou desconfortáveis foi o fato de haver alguma nudez. Quero dizer, é sobre o Holocausto, o assassinato de 6 milhões de pessoas, isso não incomoda? Se você vai fazer isso, então vamos ser sinceros: o Holocausto não foi sobre raça. Não, não foi sobre raça — comentou Goldberg no programa.