O aguardado retorno de Friends às plataformas chinesas de streaming acabou em revolta, depois que os fãs perceberam que um enredo LGBT+ foi cortado da série. Muitas das reclamações também teriam sido censuradas.
As principais plataformas da China começaram a reexibir o seriado na sexta-feira (11), mas a história de uma personagem lésbica ficou de fora do segundo episódio da primeira temporada. Os fãs inundaram as redes sociais com reclamações pela remoção, com a hashtag "Friends censurado" na plataforma Weibo (o Twitter chinês).
"Eu comparei este episódio e descobri que todas as falas referentes ao fato da ex-mulher de Ross, Carol, ser lésbica foram deletadas", escreveu um fã em um post que recebeu mais de 177 mil curtidas. Filmes estrangeiros e programas de TV que incluem conteúdo que as autoridades consideram "sensíveis", como temas LGBT+, sexo, política e violência, são censurados com frequência na China.
"Por que haveria a necessidade de mencionar isso? A homossexualidade não existe aqui, então é perfeito para sempre. Todos são felizes vivendo sob este governo", escreveu outro, em um tom sarcástico. Ao longo do final de semana, a hashtag de protesto foi substituída por "Porque Friends é tão popular".
Exibida originalmente de 1994 a 2004 nos Estados Unidos, a série segue bastante popular na China. Após o sucesso do especial de reencontro entre os atores de Friends no ano passado, os gigantes de streaming do país, incluindo Bilibili, Tencent, iQiyi e Youku, decidiram relançar uma versão censurada da produção.
Além de omitir a trama LGBT+, outras linhas narrativas sexualmente sugestivas foram traduzidas de forma diferente nas legendas chinesas da versão relançada.
Outras versões criticadas
No fim de janeiro, fãs chineses criticaram uma versão do filme Clube da Luta, que terminava com um texto explicando que a polícia prendeu todos os criminosos. Em 2019, várias cenas de Bohemian Rhapsody sobre a homossexualidade do cantor Freddy Mercury foram suprimidas na China.