O tradicional Especial de Natal do humorístico Porta dos Fundos ainda nem estreou, mas já está causando polêmica. Te Prego Lá Fora, título do programa deste ano, chega ao streaming Paramount+ no próximo dia 15 e ganhou um teaser na segunda-feira (6). Divulgada nas redes sociais do grupo, a prévia de cerca de 30 segundos foi suficiente para gerar protestos por parte de movimentos religiosos.
Pela primeira vez em formato de animação, o especial traz Jesus, dublado por Rafael Portugal, como um adolescente que precisa encarar os desafios de iniciar o Ensino Médio em um novo colégio, a Escola Municipal Eva & Adão. Para que os colegas não descubram que ele é o messias, o jovem Cristo assume a postura de um "bad boy" e fala com os amigos sobre questões comuns à faixa etária — inclusive, o consumo de pornografia.
Em uma das cenas mostradas no teaser, ele e outros colegas aparecem frequentando um bordel. "Isso não é de Deus", diz Jesus ao adentrar o local. "Na verdade, aquela mais alta ali é exclusiva de Deus", responde um amigo, apontando para uma das prostitutas que, depois, aparece na cama com um homem mais velho, que remete ao imaginário popular sobre a aparência de Deus.
A paródia foi alvo de críticas por parte de setores religiosos nas redes sociais. "Por incompetência ou falta de talento, o grupo Porta dos Fundos não consegue fazer humor sem ofender. Deixem os cristãos em paz!", escreveu uma usuária do Twitter. "Os vagabundos do Porta dos Fundos atacam os cristãos novamente", disse outro.
Na Bahia, a deputada estadual Talita Oliveira (PSL) chegou a apresentar uma moção de repúdio contra o especial na Assembleia Legislativa do Estado. A parlamentar, que se define nas redes sociais conservadora e "serva de um Deus vivo", definiu o programa como de "péssima qualidade, feito por quem apenas falhou na vida".
Esta não é a primeira vez que o especial causa polêmica entre setores religiosos. Em 2019, o programa A Primeira Tentação de Cristo, que retratou Jesus como um homem homossexual, despertou a ira de movimentos ligados a igrejas evangélicas. À época, a sede do Porta dos Fundos, localizada no Rio de Janeiro, chegou a ser alvo de vandalismo.
Em janeiro de 2020, a justiça do Rio determinou que a produção fosse retirada do ar. Depois, contudo, o Supremo Tribunal Federal derrubou a decisão.