Dois empregados da Netflix que estão no centro da polêmica envolvendo o especial The Closer, do humorista Dave Chappelle — recheado de declarações de cunho homofóbico, misógino e transfóbico —, entraram com ações trabalhistas contra a plataforma de streaming no Conselho Nacional de Relações Trabalhistas dos Estados Unidos. As informações são do The Verge.
Conforme o portal, B. Pagels-Minor e Terra Field acusam a Netflix de retaliação após ambos criticarem o conteúdo do programa e liderarem o movimento interno de repúdio ao especial. Pagels-Minor, gerente de programação transexual e negro, teria sido demitido enquanto organizava uma paralisação de trabalhadores LGBTQIA+ da empresa. Já Field, uma engenheira de software transexual, afirma ter sido suspensa de suas atividades na gigante do streaming após publicar sobre o caso em seu perfil no Twitter. Depois, ela foi "reintegrada".
B. Pagels-Minor está com 35 semanas de gestação e, com a demissão, diz que perdeu seu plano de saúde às vésperas de ter o bebê.
— Como é uma gravidez de alto risco, eu tenho que ter cuidado. Nem sabemos qual é a nossa situação de plano de saúde, e estamos programados para estar em um hospital tendo um bebê em menos de 30 dias — disse ao The Verge.
Em nota enviada ao portal, a Netflix alegou que demitiu a Pagels-Minor por supostamente vazar informações confidenciais — a acusação foi negada pela defesa do ex-gerente de programação. Já Field, conforme a plataforma, foi suspensa por comparecer a uma reunião de diretoria da qual não deveria participar — Field contrapõe que ela e outras dezenas de empregados haviam sido convocados para a reunião.
No comunicado, a empresa também lamentou o ocorrido e reiterou que não praticou retaliação: "Reconhecemos a mágoa e a dor causadas aos nossos colegas trans nas últimas semanas. Mas queremos deixar claro que a Netflix não tomou nenhuma ação contra os empregados por falarem ou se retirarem".