Novelas feitas especialmente para o público infantil existem desde os primórdios da teledramaturgia brasileira, ainda na década de 1950. Mas o grande sucesso foi em 1968, com A Pequena Órfã, da extinta TV Excelsior. A abertura trazia uma menininha que logo se tornaria uma das grandes atrizes do Brasil: Gloria Pires.
Mas nem sempre as tramas têm o público infantil como objetivo. No entanto, existem elementos que, por algum motivo, atraem os pequenos para a frente da TV. Confira algumas novelas que caíram nas graças da gurizada.
Maria Carolina (Carolina Pavanelli) fugiu do orfanato e passou vários capítulos em busca da mãe, Cláudia (Patrícia França). Entre perigos, a garotinha encontrou abrigo na casa do generoso Tio Zé (Elias Gleizer), que deu a ela o apelido carinhoso de Laleska.
A vila onde morava o bondoso velhinho parecia cenário de conto de fadas, um lugar ideal para a imaginação de Laleska voar. A novela de 1993 está sendo reprisada pelo canal a cabo Viva, às 12h30min.
"VAMP"
A natural curiosidade das crianças por histórias de terror e a pegada cômica da história de Antonio Calmon fizeram de Vamp (1991) um sucesso entre a gurizada.
Quem viveu sabe: foi uma febre vampiresca ainda maior do que a provocada pela saga Crepúsculo. Os vampirões brasileiros estampavam álbuns de figurinhas, camisetas e cadernos na época.
Outra novela que deve ter marcado a infância de muita gente foi Felicidade (1991). Manoel Carlos acertou em cheio ao dar protagonismo às crianças da história: Bia (Tatyane Goulart) e Alvinho (Eduardo Caldas).
Os dilemas infantis iam desde os mais singelos, envolvendo amizades e brincadeiras, até os mais sérios, como separação dos pais e ausência de uma figura paterna.
Elias Gleizer (1934 – 2015) brilhou como Pepe em mais uma interpretação de vovô dos sonhos de toda criança.
Em Era Uma Vez (1998), quatro crianças órfãs de mãe sonhavam em encontrar o par perfeito para seu pai, Álvaro (Herson Capri), filho de Pepe. Na imaginação dos pequenos, o paizão tomava a forma de um príncipe, a madrasta, Bruna (Andrea Beltrão), era uma verdadeira bruxa e muitas confusões foram formadas.
Mais de uma década depois do sucesso de Vamp, Antonio Calmon resolveu trazer de volta a temática vampiresca.
Em O Beijo do Vampiro (2002), o diferencial era o menino Zeca (Kayky Brito), um vampirinho que era herdeiro do poderoso Bóris (Tarcísio Meira, 1935 – 2021). O humor predominava, deixando até as cenas mais sangrentas com ares de comédia rasgada.
Na fictícia cidade de Nova Aliança, a juventude tomava conta, já que se tratava de um polo universitário. Mas o ponto alto foi a relação entre o professor Edu (Fábio Assunção) e o pequeno Lipe (Pedro Malta). As cenas de pai e filho davam um quentinho no coração de adultos e crianças que acompanharam a história.
Aqui, a história principal perdeu espaço para um núcleo que fazia sucesso com a criançada. A família Sardinha, capitaneada pela "Mamushka" Edilásia (Rosi Campos), aprontava altas confusões, em clima que era uma mistura de desenhos animados com filmes de kung-fu. Inesquecíveis.
A mistura mais inesperada que deu certo na telinha. Um reino encantado encontra o sertão nordestino, em uma história que mesclava príncipes, reis e princesas com cangaceiros e lendas nordestinas. Cordel Encantado (2011) fez jus ao nome e encantou telespectadores de todas as idades.
A animação da abertura, com bichinhos de uma fazenda rebolando, já era um prato cheio para prender o público infantil. Na história, personagens com nomes bizarros como Último (Fúlvio Stefanini), e outros que remetiam às histórias de cavalaria, como Guinevere (Juliana Paes) e Morgana (Betty Lago) tinham um forte apelo com o público mais jovem. Na trama de 2006, comédia, lembranças da infância e muita aventura eram alguns dos ingredientes ideais para fisgar a garotada às sete da noite.
Um mundo colorido, onde a professorinha Juliana (Bruna Linzmeyer) tinha cabelo cor de rosa, o matador de aluguel não fazia mal a uma mosca e o temível coronel se rendia aos caprichos da esposa. Meu Pedacinho de Chão (2014) foi uma das tramas mais bonitas já exibidas na TV, capaz de derreter os corações dos adultos e prender a atenção das crianças.