Morto nesta quarta-feira (11) em decorrência de uma pneumonia, Paulo José integrou o grupo de autores, atores e escritores que ajudou a revigorar a dramaturgia das telenovelas no final dos anos 1960, quando o acirramento da censura limitou os trabalhos nas principais companhias teatrais do centro do país. Sua primeira experiência na televisão se deu em 1962, quando o Teatro de Arena participou, na TV Excelsior, em São Paulo, da série O Caminho da Medicina. Mas foi a a partir da novela da Globo Véu de Noiva (1969) que ele abriu caminho como ator e diretor de televisão.
Um de seus personagens mais populares foi o mecânico Shazan, na novela O Primeiro Amor (1972), que formava uma divertida dupla com Xerife (Flávio Migliaccio). A parceria deu tão certo que os atores ganharam o seriado Shazan, Xerife e Cia, exibido entre 1972 e 1974. Paulo José teve ainda participações marcantes nas novelas Supermanoela (1974) e O Casarão (1976).
No começo dos anos 1970, ele começou a dirigir episódios da série Caso Especial e, em 1979, apresentou um de seus mais ambiciosos projetos na TV: o programa Aplauso, do qual foi coordenador-geral e diretor. A atração exibiu grandes nomes da dramaturgia brasileira em peças teatrais como Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, O Santo Inquérito, de Dias Gomes, Um Grito Parado no Ar, de Gianfrancesco Guarnieri, e Uma ou Duas Coisas sobre João Guimarães, o Rosa, em que Armando Bógus, Paulo Autran e Lima Duarte, e mais o balé Stagium, apresentaram uma inventiva releitura de textos de Guimarães Rosa. Nos anos 1980, ele dirigiu o Caso Verdade, outro projeto voltado ao incentivo da dramaturgia nacional.
Em 1985, Paulo José participou do seriado Armação Ilimitada vivendo o pai da da personagem Zelda Scott (Andréa Beltrão). Atuou ainda nas novelas Roda de Fogo (1986), Tieta (1989), Vamp (1991), Mapa da Mina (1993), Explode Coração (1995) e Por Amor (1997), na qual obteve grande reconhecimento encarnando o drama do alcoolista Orestes.
Foi sob a direção de Paulo José que chegou à TV a minissérie O Tempo e Vento (1985), adaptação da obra de Erico Verissimo gravada no Rio Grande do Sul (1985). Ele dirigiu ainda, entre outras, as minisséries Agosto (1993), Memorial de Maria Moura (1994) e Incidente em Antares (1994), esta também inspirada na obra de Verissimo.
Nos anos 2000, Paulo José participou da minissérie A Muralha (2000) e voltou às novelas como Benigno, em Agora É que São Elas (2003), escrita por Ricardo Linhares a partir de uma ideia original sua. No ano seguinte, participou de Senhora do Destino (2004). Seu último trabalho na TV foi na novela Em Família (2014), de Manoel Carlos, na qual viveu Benjamim, personagem, assim como ele, que sofria de Parkinson.