Exibida pela Globo em 1994, A Viagem ainda rende comentários em 2021. Considerada uma das grandes novelas de Ivani Ribeiro, a trama estrelada por Christiane Torloni e Antonio Fagundes está de volta ao streaming nesta segunda-feira (2) no Globoplay, dentro do projeto de relançamentos de clássicos folhetins da emissora.
Na história, o rico e desajustado Alexandre (Guilherme Fontes) tenta roubar o cofre da empresa em que trabalha, mas é pego em flagrante e entregue à polícia pelo irmão Raul (Miguel Falabella) e o cunhado Téo (Maurício Mattar). Além disso, é abandonado por sua namorada, Lisa (Andréa Beltrão). Inconformado, ele decide se matar e, em outro plano, seu espírito volta para se vingar de todos que ele considera responsáveis por seu trágico destino.
Nas redes sociais, as caras de Alexandre já renderam dezenas de memes e os bastidores da trama também foram alvo de comentários. Abaixo, GZH elenca sete curiosidades sobre a produção, com direção de Wolf Maya.
Enganada
Conforme o Gshow, Christiane Torloni — que vive Diná, a irmã de Alexandre —, entrou no projeto após ter sido enganada pelo diretor da novela. Na época, ela morava em Portugal e foi convencida por Maya a voltar ao Brasil para o papel. Ele teria enviado somente a sinopse da história, dizendo que se tratava de uma comédia. Ao chegar no país, e após ter confirmado sua participação, ela descobriu que era um drama pesado e que falava sobre espiritismo.
Nomes trocados
A trama de A Viagem é um remake da novela de mesmo nome lançada em 1975, com algumas alterações. A principal delas se refere ao nome de alguns personagens: César, na versão original, passou a se chamar Otávio César Jordão (ou apenas Otávio Jordão), porque a novela exibida antes da nova versão tinha um protagonista com o mesmo nome; Maria Lúcia (Suzy Camacho), que era filha de Estela na obra original, foi batizada como Bia (Fernanda Rodrigues); a mãe de Diná, Dona Isaura (Carmem Silva), passou a ser Dona Maroca (Yara Côrtes); a mãe de Téo, Dona Josefina (Yolanda Cardoso), teve seu nome reduzido para Josefa (Tânia Scher); e a Dona Cidinha (Lúcia Lambertini), dona da pensão, passou a ser Dona Cininha no remake (Nair Bello).
Regina Duarte de fora
Na primeira versão, Diná era vivida por Eva Wilma e Maya queria outra grande atriz para o papel na releitura. Regina Duarte foi cotada, mas ela recusou o papel mesmo estando sem um novo trabalho desde Rainha da Sucata, de 1990. Christiane Torloni, então, foi escalada para assumir a personagem.
Produção recorde
A Viagem foi produzida em apenas 20 dias, por conta de um atraso em outra novela. Inicialmente, a Globo tinha previsto lançar a trama na faixa das seis, mas problemas para produzir Vira Lata, que iria substituir Olho no Olho, fez com que a emissora puxasse a novela de Ivani Ribeiro para a faixa das sete e guardasse o projeto para ser realizado mais adiante.
Mascarado não fala?
Um dos personagens mais lembrados de A Viagem é o Mascarado (interpretado por Breno Moroni). Com medo de se revelar para Carmem (Suzy Rêgo), um antigo amor, ele passou boa parte da trama com a proteção de latex branca em seu rosto, para esconder a desfiguração causada por um acidente. Ele não foi visto falando durante a trama por um detalhe: quando ele tentava dizer algo dentro da máscara, o som saía abafado. Após uma conversa, a produção decidiu que ele só se comunicaria por mímica, o que deu um tom ainda mais inusitado para o personagem.
Estreias
Além de contar com nomes consagrados como Christiane Torloni e Antonio Fagundes, A Viagem também marcou a estreia de nomes importantes para a dramaturgia nacional: Lúcio Mauro Filho, Kiko Mascarenhas, Thierry Figueira e Myrian Freeland. No caso de Figueira e Myrian, eles ainda eram adolescentes.
Vendas
Por ser uma trama que fala sobre o retorno de um espírito para a Terra, o assunto gerou curiosidades entre os espectadores. Ivani Ribeiro, autora da novela, baseou-se em livros como E a Vida Continua e Nosso Lar, ambos ditados pelo espírito de André Luiz a Chico Xavier (1910-2002). O espiritismo, filosofia de Allan Kardec (1804-1869), caiu no gosto do público e, à época da exibição da novela, houve um aumento de 50% na venda de livros da temática, segundo dados das livrarias brasileiras.