O grupo americano de telecomunicações AT&T anunciou nesta segunda-feira (17) a fusão de sua filial WarnerMedia, proprietária da CNN e HBO, com o grupo Discovery. O objetivo é criar um gigante para competir com as plataformas de streaming Netflix e Disney+.
Quando o acordo for concretizado, a AT&T receberá US$ 43 bilhões, e seus acionistas terão 71% da nova empresa, enquanto os acionistas do grupo Discovery terão 29%. Em um comunicado conjunto, a fusão foi descrita como a criação de "um dos maiores players globais do streaming".
O acordo combina "o entretenimento premium e os produtos esportivos e noticiosos da WarnerMedia com a liderança da Discovery em entretenimento internacional e de não ficção, assim como com seus negócios esportivos, para criar uma empresa global de entretenimento líder e autônoma", afirma o comunicado.
A fusão criará um concorrente para os líderes de mercado, Netflix e Disney+, que registraram aumento do número de assinantes durante a pandemia.
A desaceleração no crescimento da plataforma de transmissão online da Disney no primeiro trimestre gerou, no entanto, preocupação dos investidores, e as ações do grupo registraram queda na semana passada.
O nome da nova entidade será revelado "nos próximos dias ou na próxima semana", disse David Zaslav, atual presidente da Discovery, que comandará a nova empresa, em entrevista à rede norte-americana CNBC.
O negócio foi inicialmente bem recebido na bolsa, mas depois deu lugar a algum ceticismo: a AT&T, abandonando assim sua ambição de se tornar um grande nome do entretenimento, acabou caindo 2,6% e a Discovery 5%.
A AT&T comprou a Time Warner em 2018 e depois a rebatizou como WarnerMedia. É proprietária da HBO, dos estúdios Warner Bros e de canais a cabo como a CNN. Já a Discovery tem canais em mais de 200 países, segundo o site da empresa.
Novo modelo
Diante de um novo modelo econômico, sem publicidade e com assinaturas mensais, diversos grupos buscam fortalecer sua oferta para se manterem em um mercado tão competitivo como o de entretenimento nos Estados Unidos.
A AT&T, a primeira operadora de cabo nos Estados Unidos e segunda operadora móvel, lançou em 2020 sua própria plataforma de streaming HBO MAX, e a Discovery, a sua, Discovery+, no início do ano.
"A nova empresa poderá investir mais em conteúdos originais para os seus serviços de streaming, melhorar as opções de programação dos seus canais de televisão paga (...) e oferecer mais experiências inovadoras em vídeo, assim como mais opções aos telespectadores", destacaram os dois grupos, no comunicado divulgado nesta segunda.
No final de 2020, a HBO MAX contava com 61 milhões de assinantes, e a Discovery+, 15 milhões, no final de abril. Já a Netflix tinha 204 milhões, e as plataformas Disney (Disney+, ESPN+, Hulu), 146 milhões.
O faturamento previsto para a nova gigante é de cerca de US$ 52 bilhões até 2023. O projeto de fusão prevê economia ppr sinergias de cerca de US$ 3 bilhões anuais.
A ideia de que grupos de telecomunicações poderiam criar conteúdos mais inovadores para 5G ou outra mídia de distribuição comprando grupos de mídia era "questionável desde o início", disse Aija Leiponen, especialista na indústria de telecomunicações da Universidade Cornell.
— Agora está claro que qualquer inovação proposta não convenceu os clientes ou simplesmente não houve nenhuma inovação revolucionária — acrescentou.
No final de 2020, a AT&T já havia vendido a plataforma de streaming especializada em séries de animação japonesas Crunchyroll para a Sony e anunciado, em fevereiro, que cedia parte da DirectTV para a firma de investimentos TPG.
A fusão com a Discovery permitirá que a AT&T, com uma dívida de US$ 169 bilhões no final de março, devido, principalmente, a inúmeras aquisições de mídia, fortaleça um pouco suas finanças.
Além das autorizações regulatórias para uso, a transação deve ser submetida aos acionistas do Discovery para aprovação, mas não requer qualquer voto dos acionistas da AT&T.